Beto Pimentel foi denunciado por homicídio qualificado e omissão de cadáver
A defesa do chef Beto Pimentel alegou legítima defesa na morte do adolescente Guilherme Santos Pereira da Silva, de 17 anos, ocorrida no dia 17 de abril deste ano. O advogado Alano Frank alegou que o funcionário Fabilson do Nascimento Silva atirou com a intenção de amedontrar quem estava nos fundos do restaurante Paraíso Tropical, no Cabula.
"Quem lê a denúncia, entende que foi um homicídio doloso, mas foi em legítima defesa. Era de noite, estava escuro e, do lugar que Beto e o outro funcionário estavam, ninguém sabia quem eram as pessoas, que já estavam invandindo o restaurante. Ele deu o tiro de alerta, porque não dava para saber se eram homens armados. Ali é uma região de facções criminosas, inclusive havia árvores com inscrições do Bonde do Maluco", diz o advogado.
Beto Pimentel e Fabilson foram denunciados por homicídio qualificado, por motivo fútil e mediante emboscada. Outro funcionário do estabelecimento, Antônio Batista, responderá, juntamente com os dois, por ocultação de cadáver.
De acordo com o MP, o adolescente e outros amigos coletavam frutas em uma região conhecida como “roça”, próxima ao portão que dá acesso aos fundos do estabelecimento, quando foi baleado na cabeça. O disparo teria sido efetuado pelo funcionário Fabilson, a mando de Beto Pimentel segundo a denúncia. Fabilson foi localizado em Pernambuco e preso quatro meses após o caso.
Segundo o advogado, Fabilson descobriu que o adolescente era sobrinho de um traficante de Pernambués e ficou com medo de ser morto na prisão. Por isso, teria incluído em seu depoimento à polícia a participação do chef no crime.
"Fabilson tomava conta dos galos do restaurante. No dia seguinte (ao crime), ele ligou para Beto dizendo que estava com medo pelo menino ser sobrinho do traficante. Beto insistiu para ele se apresentar, mas ele fugiu", ressalta.
O corpo do adolescente foi encontrado no dia 19 de abril em um matagal, às margens da avenida Luís Eduardo Magalhães.
A denúncia, oferecida pelo promotor de Justiça Antônio Luciano Assis, pedia ainda a prisão preventiva de Beto Pimentel, que foi recusada pela juíza Andrea Sarmento Netto.
"Foi uma surpresa para a defesa, tanto a denúncia quanto o pedido de prisão. Beto colaborou desde o início, deu três depoimentos e participou da reconstituição do crime. Foi pedida a prisão preventiva mesmo ele tendo 73 anos, residência fixa e um passado limpo", destaca Frank.
A partir do inquérito policial e a denúncia do Ministério Público, o chef passa a ser réu em uma ação penal. Após as audiências de instrução e depoimentos de testemunhas, será definido se ele irá a júri popular.