Crianças participaram do desfile com as suas criações
O pôr do sol visto do alto da Praça Castro Alves transformou o Centro da capital baiana em um local perfeito para o encontro de gigantes. Por volta das 17h desta sexta-feira, 1º, já era possível ouvir as batidas dos atabaques surgindo da Ladeira da Preguiça.
Naquele momento, era anunciada a chegada do cortejo que trazia dois bonecos gigantes: a Feirante do Dois de Julho e o Pescador da Ladeira da Preguiça.
Em sua segunda edição, o projeto envolveu crianças e adolescentes do bairro Dois de Julho e da Ladeira da Preguiça, no centro de Salvador.
As oficinas acontecem no Colégio Estadual Ypiranga e no Centro Cultural Que Ladeira é Essa. Durante 10 dias, os bonecos são preparados nas oficinas, que envolvem o trabalho coletivo e colaborativo dos integrantes de cada local.
O projeto é elaborado com desenhos que trazem a representatividade de todos que participam das oficinas. Em seguida, eles são confeccionados com materiais como vime, papel de seda e pedaços de tecido. A união de tudo isso se transforma em criaturas gigantes, com até quatro metros de altura.
“Digamos que é um trabalho essencialmente coletivo, onde todos os integrantes do projeto participam de toda a produção que envolve as memórias do próprio bairro”, diz a idealizadora do projeto Lugar de Gigantes, Alessandra Flores.
Representação
Lugar de Gigantes é um projeto de construção coletiva de bonecos gigantes inspirados em histórias locais, histórias de vida, personagens do bairro, acontecimentos curiosos, lendas urbanas ou míticas. As criaturas são idealizadas e construídas por jovens e adultos moradores e frequentadores dos bairros e cidades por onde acontecem as atividades do projeto.
Na primeira edição, o projeto esteve nos bairros Santo Antônio Além do Carmo e Alagados, em Salvador, no Quilombo do Iguape, em Cachoeira, e na Comunidade do Pilar, em São Félix. Nesta segunda edição, o projeto foi contemplado pelo edital Arte Todo Dia – Ano III, da Fundação Gregório de Mattos (FGM).
De acordo com a idealizado do projeto, Alessandra Flores, a junção das histórias das comunidades e a cultura local são transformadas em grandes histórias.
“É uma decisão coletiva, sempre escutamos os moradores mais velhos dos bairros e perguntamos a eles o que representa a região. A partir disso, cada um escolhe um desenho. Hoje a Ladeira da Preguiça é representada pelo pescador e o bairro do Dois de Julho, uma feirante”, diz Alessandra.
Para a gestora cultural do Centro cultural Que Ladeira é Essa, localizado na Preguiça, Crislane Oliveira, o projeto levou para a comunidade os valores do aprendizado coletivo, onde a participação resultou em arte e cultura para os moradores.
“Sou moradora da ladeira há exatos cinco anos e, quando soube projeto, busquei mostrar a história de nosso bairro. Por isso estamos valorizando o trabalho do pescador, que diariamente tira do mar o seu sustento e são verdadeiros guerreiros”, diz a gestora cultural.
*Sob supervisão da jornalista Hilcélia Falcão