Marcelo Oliveira aproveita a festa antes e após o expediente
Quando se fala em Natal, a primeira imagem que surge é a de uma reunião familiar, com desejos de boas energias, troca de presentes e amigo-secreto. Entretanto, para quem atua em determinadas áreas, as festas de fim de ano são sinônimo de trabalho. Profissionais de saúde, segurança, imprensa, transporte, hotelaria e serviços cumprem escalas e plantões com horários especiais para não interromper as atividades.
O porteiro Marcelo Oliveira, de 38 anos, é um dos trabalhadores que estarão na ativa no dia de Natal. Assim como aconteceu em quatro dos últimos seis anos – tempo em que exerce a função –, ele vai driblar a situação criando horários alternativos para fazer a festa.
“Esta é uma época para a gente se reunir com a família, por isso fica a vontade de estar lá, mas temos que cumprir com nossas obrigações. Eu já começo a aproveitar no dia 24. Passo a meia-noite e fico até as 2 horas. No dia seguinte, vou para o trabalho e, à noite, complemento com mais festa”, explica ele.
Confraternização entre colegas
Passar o período de celebrações longe dos amigos e familiares não precisa ser uma experiência solitária. Em algumas instituições, é possível confraternizar com os colegas para não deixar a data em branco. Cada um pode contribuir com o famoso “pratinho” que, junto com outras guloseimas, transforma o local de trabalho em uma verdadeira ceia natalina.
Esta é a programação do subtenente do Corpo de Bombeiros Evilásio Limoeiro, de 46 anos, para o plantão entre os dias 24 e 25 de dezembro. Na corporação há 24 anos, ele já perdeu as contas de quantas vezes festejou em serviço. A confraternização é feita por um grupo que varia de 18 a 25 pessoas, a depender da quantidade de ocorrências do dia.
“Quando a gente entra no Corpo de Bombeiros, descobre que nossa família é maior do que a gente imagina, que confraterniza, faz a ceia e se abraça. Nosso jantar é diferenciado, tem frango para simbolizar o peru, panetone e alguns salgados”, conta.
No ano passado, a festa ficou completa com a mulher, a filha e a irmã do subtenente, que chegaram de surpresa e foram convidadas a permanecer no local. Mas nem sempre dá para celebrar durante a noite toda. “Uma vez, no Natal, houve uma ocorrência envolvendo um caminhão, um carro de passeio e uma van. Chegamos ao local às 23h10 e, quando terminamos de retirar as pessoas das ferragens, isolar a área e levar as vítimas para o hospital, já era 3h50. Quando voltamos, o pessoal tinha guardado a ceia para a gente”, ressalta Limoeiro.

O subtenente do Corpo de Bombeiros Evilásio Limoeiro vai passar a data longe da família (Foto: Alessandra Lori l Ag. A TARDE)
Escala de trabalho
Desde que começou a carreira como fisioterapeuta, há cerca de 10 anos, Tiago de Souza, 34, não consegue escapar do trabalho nestes períodos de festa. Inicialmente, ele realizava atendimentos domiciliares e em clínicas, e sua programação dependia da necessidade dos pacientes.
Nos últimos cinco anos, o profissional também passou a trabalhar como enfermeiro. Atualmente, a expectativa para participar de eventos ou viajar depende do momento mais esperado do mês: a divulgação da escala de trabalho. “No ano passado, eu estava de plantão no dia 31 de dezembro. Tive que voltar de uma viagem para virar o ano no hospital. A gente fica à mercê das possíveis trocas, mas nem sempre é possível”, diz ele.
Assim como Tiago, outros 270 funcionários do Hospital da Bahia, onde ele trabalha, estarão em serviço. De acordo com a gerente de enfermagem da unidade, Catiuscia Nascimento, os profissionais acabam confraternizando com os próprios pacientes. “Você deseja Feliz Natal para os seus pacientes e para as famílias deles. É reconfortante para eles saber que, para nós, não é sacrifício nenhum estar ali, pois aquilo faz parte da nossa profissão. Com ou sem acompanhante, nenhum deles fica sozinho”, diz ela, que trabalha na área há quase 20 anos.