Na capital baiana, magistrados e promotores conversaram com jornalistas no fórum trabalhista do Comércio
Juízes federais, trabalhistas e membros do Ministério Público realizaram nesta quinta-feira, 15, um ato, no fórum trabalhista do Comércio, contra o “enfraquecimento do Judiciário” e pela “valorização das carreiras” dos profissionais. Para eles, a categoria tem sofrido “retaliações e ataques” por avançar em investigações contra a corrupção.
>>Campanha não tem apoio de entidades da magistratura e MP
A ação, que faz parte de uma mobilização nacional realizada em seis estados do país, ocorreu a uma semana do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o auxílio-moradia. No entanto, eles negam que o objetivo dela seja o julgamento do STF e afirmam que há, em curso, uma campanha contra o benefício, com o objetivo de “desmoralizá-los e enfraquecê-los”.
Em Salvador, os participantes leram um manifesto, onde reclamam, ainda, da desvalorização dos salários que, desde 2015, não sofreram reajustes e de projetos de lei, como o de abuso de autoridade, que tramitam no Senado e procuram, segundo eles, “embaraçar investigações”, como as da Operação Lava Jato.
À frente do ato estavam quatro entidades representativas da magistratura e do Ministério Público: a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 5ª Região (Amatra5), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a Associação Nacional dos Procuradores da República.
“A magistratura está sob ataque, retaliação, com uma ideia de criminalização, visando embaçar as investigações. Tentam desmoralizar nossa carreira com críticas infundadas sobre remuneração. Há uma campanha contra o auxílio-moradia que vem daqueles que não estão satisfeitos com o combate à corrupção”, afirmou o juiz federal Saulo Casali, delegado da Ajufe.
Apesar do ato, os participantes disseram que não houve paralisação ou greve. No fórum trabalhista do Comércio, no entanto, as audiências previstas para esta quinta foram remarcadas. Para Casali, está ocorrendo no país uma situação semelhante ao que aconteceu na Itália, após a realização da Operação Mãos Limpas, que visou ao combate à corrupção no país europeu.
O enfraquecimento da Justiça Federal, segundo ele, ameaça o Estado Democrático de Direito. “A ideia é aproveitar este momento para chamar a atenção da sociedade sobre as ameaças que a magistratura vem sofrendo. Não é uma greve. Acreditamos que propalaram isso para colocar a sociedade contra a magistratura”, acrescentou o juiz federal.
Corte orçamentário
A presidente da Amatra 5, Angélica Ferreira, afirmou que a Justiça do Trabalho sofreu um corte orçamentário com o objetivo de “enfraquecê-la”. “Nosso ato não é só a questão remuneratória. É pela valorização da magistratura e do Ministério Público. Melhores procuradores, melhores juízes são importante para a nossa democracia”, ressaltou.