Aina Soledad | Ag. A TARDE SP
À tarde, mães foram até a sede do Ministério Público estadual no bairro de Nazaré
Um grupo de mães de bebês com microcefalia realizaram protesto na manhã desta terça-feira, 17, na sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.
Entre as reivindicações estão a falta de aparelhos para melhorar a qualidade de vida das crianças, de medicamentos, de unidade de saúde para realização de fisioterapia, além do descumprimento da medida que priorizava apartamento do programa Minha Casa, Minha Vida para as genitoras.
Segundo a dona de casa Cássia Araújo, de 23 anos, a falta de auxílio dificulta ainda mais a rotina. “Além de cuidar da minha filha, tenho que dividir meu tempo indo na casa da minha tia, que mora ao meu lado, para fazer necessidades básicas, como cozinhar e lavar roupa”, disse, ao ressaltar que, se tivesse sido contemplada com um apartamento do Minha Casa, Minha Vida, poderia ser diferente.
Tratamento
Além disso, a dona de casa frisa a falta de medicamentos essenciais para a filha Júlia Vallentyna, 2 anos. “Estão faltando até medicamentos que evitam que as crianças tenham convulsão e para suplementar a alimentação”, disse.
Mãe de Laura Victória, de 2 anos e três meses, a dona de casa Claudineia Brito, 40 anos, relatou que existem cerca de 200 crianças aguardando por uma cadeira de rodas no Centro de Prevenção e Reabilitação do Portador de Deficiência (Cepred), vinculado à Secretaria Estadual da Saúde da Bahia (Sesab).
Por meio de nota, a secretaria esclareceu que a unidade possui equipe multiprofissional e atende mais de 90 crianças com microcefalia, sendo a instituição com o maior número de pacientes da Bahia.
Além desse serviço, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) também atende pacientes com microcefalia. Ainda segundo a nota, há dois anos existe uma rede estadual de atendimento em 18 unidades em Salvador e no interior do estado.
Em relação à denúncia do programa Minha Casa, Minha Vida, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Sedur) informou, em nota, que “a prioridade para famílias que tenham integrante com microcefalia está sendo cumprida pelo governo do estado, conforme resolução do Conselho Estadual das Cidades (Concidades), seguindo a Portaria nº 321 de julho de 2016 do Ministério das Cidades.
“Assim que a secretaria recebe o protocolo enviado pelo Ministério Público estadual acrescido do relatório médico, realiza a convocação da família para produção do dossiê e a demanda é atendida”, diz em nota.
Esperança
No início da tarde, o grupo de mulheres encaminhou as demandas, durante uma reunião, ao presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Ângelo Coronel. Segundo ele, as reivindicações serão levadas à Sesab, e comissão será formada, na próxima sexta-feira, para intermediar e encaminhar os pedidos ao órgão.
No final da tarde foi a vez de discutir as reivindicações com o promotor Carlos Martel. O promotor, por sua vez, informou que as demandas foram ouvidas e serão encaminhadas aos órgãos competentes. “Tenho um inquérito civil instaurado desde o final do ano passado para acompanhar a rede de saúde e sua efetividade”, explicou.
Segundo Martel, o inquérito também contempla crianças com microcefalia, pois a doença já existia antes do surto. “As mães apresentaram uma demanda da realidade, que serão incrementadas ao trabalho que já está sendo realizado”, completou o promotor.