Nos postos espalhados pela cidade, grandes filas, preços diferenciados ou mesmo a falta do produto testaram a paciência do consumidor
Em meio aos protestos de caminhoneiros contra a alta do diesel, onde a categoria bloqueia pistas e realiza manifestações em várias estradas do Brasil, a Petrobras anunciou que vai reduzir pala quarta vez consecutiva o preço da gasolina. A empresa informou que vai diminuir de 0,32% nas refinarias a partir deste sábado, 25, para 2,0096 reais por litro.
Entretanto, após cinco dias da greve dos caminhoneiros, o Sindicombustíveis, entidade que congrega os empresários do setor, informou que devido à alta demanda nos postos nesta sexta-feira, 25, cerca de 95% dos 150 postos de Salvador já não tinha mais gasolina e etanol à disposição dos clientes.
A equipe de A TARDE percorreu vários postos da cidade para verificar a situação. Como informado pelo sindicato, a maioria dos postos já não possuía mais combustíveis. Nos poucos que ainda dispunham, as filas são enormes, o que demandava paciência do cliente. Além disso, a disposição dos preços também chamava atenção, com tarifas que variavam de R$ 4,57, pelo centro da cidade, na orla e na BR-324, até R$5,89.
No percurso entre São Cristóvão e Pituba, só foi possível encontrar gasolina em um posto e GNV em outros dois estabelecimentos. Nos postos localizados na rodovias BA-526, Estrada do CIA e na Av. Luiz Viana Filho (Paralela) não tinha mais disponível nenhum tipo de combustível, situação semelhante encontrada nos postos do Rio Vermelho e Ondina. Os postos da região não têm mais combustível desde o fim da manhã de quinta-feira. De acordo com funcionários, não há previsão de reabastecimento dos estoques. Em um posto na avenida Adhemar de Barros, frentistas afirmaram que não era mais possível o abastecimento de carros, devido à falta de estoque.
Após passar por seis postos, a estudante Quézia Regina, 23, conseguiu encontrar gasolina por R$ 4,64 em um posto próximo à Coelba, na região Av. Edgard Santos, na entrada de Doron, mas encontrou dificuldades. "A fila estava enorme a ponto de chegar ao Centro Administrativo", informou.
Já Jorge Moraes, 50, enfrentou a fila em um posto no bairro Jardim Nova Esperança, mas só conseguiu abastecer R$ 50. “Os frentistas só estavam colocando R$ 50 por vez. Quem quisesse colocar mais, precisaria voltar para o fim da fila”.
Em Brotas, os dois postos que ficam localizados na Ladeira dos Galés estão sem qualquer tipo de combustível e ainda retiraram os preços da tabela. Outro posto do bairro, na rua Rio Amazonas, também estava sem combustível. Os frentistas informaram que desde quinta-feira havia acabado a gasolina. Em alguns deles só restou o álcool, que acabou na manhã desta sexta.
Nos poucos postos onde era possível encontrar GNV, o metro cúbico era vendido por R$ 2,56 e R$ 2,70.
Desabastecimento
A expectativa é que neste sábado a capital baiana fique totalmente desabastecida, sem nenhum combustível para ser comercializado. Isso porque, de acordo com o Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicom-BA) cerca de mais de 500 caminhões estão parados nos terminais e bases de combustíveis em São Francisco do Conde, em Itabuna, Jequié, Juazeiro e Luiz Eduardo Magalhães, onde se situam as principais bases de suprimento de diesel, gasolina e etanol.
A falta de abastecimento já resulta no fim do combustível em algumas cidades do estado, como Jequié e Vitória da Conquista, no sudoeste baiano.
Diante da dificuldade dos motoristas para abastecer os veículos, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) i flexibilizou a autuação por pane seca durante a greve dos caminhoneiros. De acordo com o órgão, os agentes de trânsito foram orientados a não notificarem os veículos parados na rua por falta de combustível.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê multa de R$ 130,16 para carros flagrados com pane seca. "Em virtude dos problemas ocasionados pelo movimento dos caminhoneiros, é de bom senso flexibilizar", disse o superintendente Fabrizzio Müller.
A paralisação já provoca falta de abastecimento de medicamentos em farmácias e hospitaus, de mercadorias nos supermercados, os ônibus estão circulando com frota reduzida. A empresa responsável pelo sistema Ferry-Boat, a Associação de Transporte Marítimo da Bahia (Astramab) informou que, em decorrência a falta de combustíveis nos postos, embarcações que fazem parte da associação estarão paralisando as atividades nas Ilhas de Tinharé e Boipeba (Galeão, Gamboa, Morro de São Paulo, Boipeba e Garapuá).
O desabastecimento também pode afetar a área de saúde. Caso a greve dos caminhoneiros perdure, a segunda-feira, 28, pode amanhecer sem ambulâncias para atendimento público de emergência em Salvador. Segundo a Secretaria Municipal de Gestão (Semge), há combustívei para que as ambulâncias circulem durante o final de semana."Estamos monitorando de perto essa situação e veremos os desdobramentos durante este sábado [hoje] e domingo [amanhã].. Se a situação permanecer a mesma, teremos que montar planos de contingência nos órgãos públicos municipais pois fatalmente haverá prejuízos", afirmou o prefeito ACM Neto.
*Com informações do Portal A TARDE