Vítima mora com o companheiro e duas filhas em uma comunidade no Santo Antônio Além do Carmo
“Ainda não fui à polícia, estou com medo. Não sei o que eles são capazes de fazer. Se fizeram o que fizeram na frente de tanta gente, imagine o que não podem fazer comigo sozinha?”, analisou a grávida agredida por um policial militar no domingo passado, no Santo Antônio Além do Carmo, situado no Centro Histórico de Salvador.
A dona de casa de 33 anos, gestante de três meses, contou que criticava a forma truculenta com a qual os policiais do 18º Batalhão da PM (Centro Histórico) abordavam um rapaz, quando foi surpreendida por um soldado com um tapa no rosto e com puxões de cabelo. A mulher relatou que outras pessoas também reclamaram dos PMs.
Tanto a abordagem ao homem quanto a agressão contra a dona de casa foram registradas em vídeo. Em nota, a PM declarou que instaurou inquérito para apurar a conduta dos policiais nos dois casos e que medidas administrativas serão adotadas e as imagens analisadas. Os PMs serão afastados das atividades operacionais e receberão acompanhamento psicológico.
Sensação
Ainda muito abalada, a senhora contou que se sentiu humilhada ao ser agredida na frente das filhas, de 4 e 11 anos. “Me senti humilhada, impotente, discriminada. Me bateram na frente de minhas filhas. Tinha um monte de gente branca lá gritando também. Por que não pegou um branco? Pegou logo uma negra, grávida, que mora no buraco, como eles mesmo falam”, desabafou a mulher.
Ela mora com o companheiro e duas das três filhas em uma comunidade carente no Santo Antônio Além do Carmo.
Ela afirmou que, embora nunca tenha tido problemas com os policiais, já os conhece de outras ações realizadas na localidade que reside há três anos.
O rapaz que aparece nas imagens de um vídeo sendo espancado por PMs ao resistir à prisão foi identificado como Walace Kauan Rodrigues de Oliveira, 21 anos.
Prisão
Segundo o capitão Bruno, da Corregedoria da Polícia Militar, essa não foi a primeira vez que ele resistiu a uma abordagem policial.
“Só no último ano, ele resistiu à prisão três vezes. A primeira condução dele foi em novembro do ano passado”, disse o oficial.
Ele afirmou que, no domingo, ao ser abordado, Walace estava com um cigarro de maconha e com 26 gramas da mesma droga.
“Ele foi conduzido à Central de Flagrantes, foi autuado por uso de drogas e resistência à prisão. Assinou um TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência] e foi liberado”, contou o capitão.