Euzeni Daltro | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE
É possível que o carvão gerado possa ser aplicado na construção civil
Um processo barato, sustentável, eficiente e que não libera substâncias tóxicas para a atmosfera. Assim é a tecnologia desenvolvida por professores e estudantes do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA) capaz de transformar o petróleo cru recolhido nas praias em carvão. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores do Compostagem Francisco, um projeto de compostagem acelerada que transforma restos de comida em adubo orgânico.
O projeto foi idealizado e é coordenado pela professora doutora Zênis Novais da Rocha, do Instituto de Química da UFBA. A professora ressalta que o objetivo é transformar o óleo em um material mais fácil de ser armazenado.
“Usamos o mesmo processo aplicado na compostagem acelerada. Os bioaceleradores, que tem o biodegradador, bioacelerador e o finalizador, são os mesmos que usamos na Compostagem Francisco. No petróleo, usamos uma proporção um pouco maior do biodegradador, que é o produto que vai quebrar, transformar o petróleo em carvão”, explica a pesquisadora. “É a transformação do petróleo em um produto que é basicamente carvão e esse produto é mais fácil de armazenar, mais fácil de manipular do que o petróleo bruto”, completa.
Todos os bioaceleradores usados no processo foram desenvolvidos pelos pesquisadores do Compostagem Francisco, que já iniciaram o processo para aquisição de uma patente.
Um dos pesquisadores do projeto, o professor mestre José Petronilio ressalta que todo o processo de transformação do petróleo em carvão dura uma hora. Segundo ele, nos equipamentos do Instituto de Química é possível processar 50 kg de petróleo por dia. “Cinquenta quilos não é nada. Não representa nada diante da quantidade que a gente vê por aí. Na verdade, essa balbúrdia que a gente está fazendo é só um despertar para dizer que a tecnologia e a ciência podem resolver os problemas e que nós temos tecnologia para isso”, afirma o professor.
De acordo com os pesquisadores, é possível que o carvão gerado possa ser aplicado na construção civil, na composição de asfalto, ou até como combustível em processos industriais. “Para tanto, depende de estudos, de verificarmos o que tem na composição desse produto obtido”, afirma a professora doutora Zênis Novais.