Motoristas não devem permitir a entrada de passageiros que descumprirem a medida | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE
Entra em vigor hoje o decreto municipal que exige da população a uso de máscara de proteção tanto no transporte público quanto em ambientes de trabalho e no trânsito. As blitzes de caráter educativo devem ocorrer em diversos pontos com o objetivo de orientar motoristas e passageiros sobre a necessidade. No transporte coletivo, a partir de segunda-feira, quem estiver sem máscara, seja ela reutilizável ou não, não poderá permanecer no veículo.
Hoje a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) inicia uma campanha educativa. As estações da Lapa, Pirajá, Acesso Norte e Mussurunga e outros 80 pontos devem ser alvo da ação. “Até domingo faremos um trabalho de conscientização, distribuindo panfletos e fazendo palestras nos ônibus. Na segunda-feira, quem estiver sem máscara não entra no transporte”, explicou o secretário Fábio Motta.
De acordo com Motta, agentes da pasta, junto à Guarda Municipal e a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador) fiscalizarão o uso. Os motoristas foram orientados para não permitir a subida dos passageiros que descumprirem a medida.
Para os motoristas particulares, as blitzes agora serão apenas de caráter educativo. De acordo com o superintendente da pasta, Fabrizzio Müller, num primeiro momento as operações devem acontecer diariamente.
No último sábado, o prefeito ACM Neto ressaltou que, a depender da adesão, uma multa pode ser cobrada. “Fugimos um pouco da blitz tradicional, onde as pessoas acabam sendo punidas, para tentar fazer com que as pessoas se conscientizem”, disse Fabrizzio Müller.
De acordo com o Decreto 32.357, o uso é obrigatório tanto para os condutores quanto para os passageiros. A medida não se aplica quando o motorista estiver sozinho.
À frente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), Denis Paim acredita que, mesmo sem a cobrança de multa, a ação preocupa. “Estamos tendo muitas dificuldades de ter essas máscaras. Têm muitos profissionais sem ter o que comer ainda mais pagar multa”, pontuou.
A mesma preocupação é compartilhada pelo presidente do Sindicato dos Motoristas por Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), Átila do Congo. Ele concorda com a medida, mas questiona que os motoristas podem não ter como comprar o produto. “Temos 28 mil trabalhadores de aplicativo em Salvador, muita gente desassistida passando dificuldade, ainda não caiu na conta o auxílio da prefeitura. Outros ainda estão aguardando a análise do auxílio federal. Como vai cobrar que o motorista use máscara se ele não tem dinheiro para comer?”.
De acordo com o superintendente da Transalvador, não há motivo para o descumprimento. “Máscaras de tecido podem ser compradas por cinco, quatro reais. Isso não é um valor que um motorista profissional não possa adquirir uma máscara para sua própria segurança”.
O decreto que começa a valer hoje também obriga o uso de máscara nos estabelecimentos comerciais. Tanto funcionários quanto clientes devem utilizar o equipamento de proteção.
“Se encontrarmos pessoas sem máscara, sejam clientes ou colaboradores, os estabelecimentos serão interditados”, explicou o titular da Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), Sérgio Guanabara.
O secretário lembrou que os comerciantes devem coibir a entrada de clientes sem máscara. “Que a população nos auxilie nesse processo porque é uma guerra a um inimigo comum”, concluiu.
A decisão não agradou ao Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas). “Sabemos da gravidade, mas temos que observar o direito de ir e vir das pessoas. O comércio está nocauteado, uma situação muito difícil. Os governos do estado e do município não podem impor isso. Temos que preservar o direito de ir e vir”, disse o presidente da entidade, Paulo Motta.
Vendedores ambulantes também deverão usar a máscara durante o trabalho. Para isso, de acordo com a Secretaria Municipal de Gestão (Semge), o órgão está fazendo a aquisição do item e a Secretaria de Ordem Pública (Semop) realizará uma ação de entrega, disponibilizando duas máscaras para cada trabalhador. A medida só vale a partir da entrega dos itens de proteção.
Mesmo com o decreto passando a valer hoje, autônomas que apostaram na venda de máscaras não têm notado um aumento na procura. “Acredito que com esse novo decreto vai aumentar o número de vendas, as pessoas já vêm procurando, mas até então não houve um aumento significativo”, afirma Adriana Silveira.
Najah Yu, que também faz máscaras para vender, não notou crescimento no comércio. “Faço uma média de 40 por dia, todas sob encomenda. Desde que comecei, é a mesma média”, contou.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira