A Fazenda Grande do Retiro chegou a 705 ocorrências nos serviços de denúncias | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Durante o período de isolamento social, o aumento no número de denúncias de poluição sonora têm chamado atenção. De acordo com a Secretaria de Ordem Pública (Semop), desde o dia 1º de março até o último dia 9, foram 7.636 registros. Somados, os números são 60% superiores aos do mesmo período do ano anterior.
Os bairros que se destacam com o maior número de ocorrência são Fazenda Grande do Retiro (705), Itapuã (688), Pernambués (684) e Paripe (646).
A subcoordenadora de combate à poluição sonora da Semop, Márcia Cardim informa que índices superiores a 60 decibéis entre 22h e 7h e 70 decibéis, entre 7h e 22h podem ser denunciados. “Aumentaram as incidências das denúncias nas residências. Isso é preocupante, pois estamos vendo pelas estatísticas dos telefones 156 e 160 que as pessoas estão indo para a rua”.
A subcoordenadora acredita ainda que o confinamento social pode resultar em maior intolerância. “Antigamente era raro se ter denúncia sobre motores e aparelhos de ar condicionado. Hoje, já temos”, contou.
De acordo com o psicólogo Eli Samuel, o confinamento e as restrições impostas pela pandemia podem resultar em insatisfação. “Emoções, pensamentos e sensações que as pessoas estão sentindo de uma maneira intensa podem gerar intolerância”.
Para o profissional, o aumento das denúncias pode demonstrar que, simultaneamente ao combate a Covid-19, devem ser pensadas ações na área da saúde mental, que também sofre impacto durante o confinamento. Para Eli Samuel, os problemas que estão surgindo como as brigas de vizinho por causa de som alto, poderiam ser amenizadas se houvesse maior atenção para ações voltadas à saúde mental. “Se tivermos agora uma política de saúde pública na saúde mental, utilizando recursos materiais e profissionais que o município e o estado já possuem, poderíamos evitar, no futuro, problemas psicológicos que devido a pandemia podem a atingir de 33% a 50% da população [de acordo com dados da organização Mundial da Saúde (OMS)], como a depressão, alcoolismo, transtornos de ansiedade e outros”.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira