Prefeitura interditou 18 estabelecimentos por descumprirem medidas restritivas | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE
A região de Cajazeiras lidera o número de denúncias de descumprimento das medidas de enfrentamento à Covid-19 no canal telefônico criado para denúncias e orientações sobre a doença, que atende pelo número 160. Os dados levantadospela Ouvidoria Municipal mostram que desde abril e até o último dia2, houve 7.900 queixas. No último dia 24, ao registrar um aumento de 83% dos casos na região de Cajazeiras VII em apenas sete dias, a gestão municipal anunciou medidas restritivas, que vencem amanhã.
As principais denúncias são contra estabelecimentos comerciais, aglomerações e exercício de atividade sonora. Ontem, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) realizou 1.569 vistorias e 18 interdições por descumprimento das medidas restritivas. Deste total, dez foram na região de Cajazeiras, uma em Fazenda Grande I, três em Águas Claras e quatro no Nordeste de Amaralina. O prefeito ACM Neto deve anunciar hoje se as restrições impostas no último dia 24 serão prorrogadas. À época, em apenas uma semana o bairro de Cajazeiras VII registrou 45 casos novos, contra outros 54 casos registrados ao longo de 30 dias.
Moradora na região de Cajazeiras, a vendedora Ana Lúcia Ferreira, 48, vê descaso da população nas principais vias do bairro e diz temer as consequências. “As pessoas não estão levando a sério. Principalmente na região da Rótula da Feirinha a fiscalização tem que ser rigorosa. Os comerciantes não usam máscara, bagunçam, gritam sem máscara. Tenho medo de ir lá”, contou. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a região já registra 838 casos desde o início da pandemia.
Para o líder comunitário e vice-presidente do Conselho de Moradores do Parque Silva Leal, na região das Cajazeiras IV, V e VI, Oséas Borges de Lima, o problema não é a fiscalização, mas a falta de bom senso de parte dos moradores. “ A rua anda cheia, as pessoas bebendo, como se nada estivesse acontecendo. Tentamos conscientizar as pessoas por meio das redes sociais”, disse. De acordo com o ouvidor municipal, Humberto Viana, logo nos primeiros meses de pandemia a média de 100 mil ligações para os canais da prefeitura foi superada. Em abril foram 213 mil ligações, onde o cidadão, dentre outras coisas, buscava informações sobre como agir caso apresentasse sintomas da doença, sobre o auxílio social fornecido pela prefeitura, além das denúncias e solicitação de fiscalização nos bairros.
Desde o dia 1º de abril até o último dia 2, a central 160 recebeu 230 mil ligações para tratar exclusivamente da doença, e a região de Cajazeiras sempre esteve no topo da lista de denúncias e solicitações de fiscalização. “O bairro sempre nos chamou a atenção nesse período por que ele sempre teve picos maiores em relação aos outros no que diz respeito à utilização desse canal para informações e denúncias”, disse.
Mas, de acordo com o ouvidor, após integrar a lista de bairros com restrição pela prefeitura municipal, houve mudanças. “Desde o dia 24 de julho , data de início da operação até hoje [ontem] observamos a mudança no perfil. As ligações solicitando informações sobre cestas básicas, localização dos pontos de testagem e sobre o programa social Salvador para Todos representam 25% dos chamados”, disse. Além de Cajazeiras, os bairros com mais denúncias são Pernambués (5.246), Fazenda Grande do Retiro (5.108), Paripe (4.761), Liberdade (4.644), Itapuã (4.588) e São Marcos (4.339).
*Sob supervisão da jornalista Hilcélia Falcão