Algumas lojas do Shopping Piedade fecharam as portas | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
A crise provocada pelo novo coronavírus fez com que o varejo perdesse 135,2 mil lojas – com vínculos empregatícios – entre abril e junho deste ano, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC). Segundo a Fecomércio-BA, o varejo baiano sofreu contração de -6,37 mil pontos de venda no mesmo período deste ano e o presidente do Sindilojas, Paulo Motta, disse que, em Salvador, algumas lojas instaladas no Shopping Piedade fecharam as portas.
O saldo negativo no segundo trimestre equivale a 10% do número de estabelecimentos comerciais verificado antes da pandemia e supera a perda anual registrada em 2016 (-105,3 mil). A Bahia ocupa a 6ª posição em perdas no Brasil, sendo antecedida por São Paulo (-40,43 mil), Minas Gerais (-16,13 mil), Rio de Janeiro (-11,37 mil), Rio Grande do Sul (-9,69 mil) e Paraná (-9,48 mil). No Nordeste, o varejo baiano lidera o ranking de lojas fechadas, seguido por Pernambuco (-4,25mil) e Ceará (-3,35mil).
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que a crise do setor coincidiu com a edição de diversos decretos estaduais e municipais que restringiram total ou parcialmente a circulação de consumidores em estabelecimentos comerciais. "As vendas presenciais, historicamente a principal modalidade de consumo por parte da população, tiveram o volume muito reduzido neste período", afirma Tadros, ressaltando que, "apesar do grave quadro conjuntural no segundo trimestre, o ritmo de recuperação das vendas no comércio tem surpreendido.
A previsão da CNC é que o setor chegue ao fim de 2020 com menos 88,7 mil estabelecimentos, em comparação com o ano passado, totalizando 1,252 milhão de lojas em todo o País.
Os segmentos mais atingidos pela crise se caracterizam pela predominância na comercialização de itens considerados não essenciais, como: lojas de utilidades domésticas (-35,3 mil estabelecimentos ou -12,9% do total de lojas antes da pandemia); vestuário, tecidos, calçados e acessórios (-34,5 mil lojas ou -17%); e comércio automotivo (-20,5 mil ou -9,9%). O varejo de produtos de informática e comunicação foi o segmento que apresentou as menores perdas absolutas (-1,2 mil) e relativas.
Para Paulo Motta, "infelizmente é o que está se passando na economia do país e da autorização de retorno sob condições, algumas lojas só vão funcionar até o fim do ano, com muito desemprego. A roda da economia está funcionando negativamente, retratando uma retomada muito lenta. A esperança maior consistência de vendas no varejo é no quarto trimestre, apesar das limitações de acesso e protocolos de precaução que reduzem o acesso, porque ainda é muito preocupante o aumento da contaminação na Bahia. O trabalho deve ser cauteloso, até alcançar o ponto de equilíbrio entre receita e despesa. A solidariedade vai ser importante para garantir a sobrevivência das pessoas e da atividade comercial", concluiu.