Com a pandemia, a Bahia e pelo menos outros 20 estados suspenderam os pontos facultativos do Carnaval e parte do setor privado também reviu a flexibilização nos dias habituais da festa, mas isso não impediu que muitos viajassem. No aeroporto da capital, o fluxo médio estimado para o período é de 70% do registrado na mesma época em 2020, de acordo com o Salvador Bahia Airport.
Os amigos Geraldo José Ferreira Jr., 35 anos, e Vinícius André Rodrigues Parente, 37, desembarcaram em Salvador na última quinta-feira para passar alguns dias em Barra Grande, vila do município de Maraú. Moradores de Palmas (Tocantins), eles visitaram o local em dezembro passado e se encantaram com a beleza das praias aliada a uma vida noturna agitada.
Geraldo é servidor público e não terá folgas, mas como está em trabalho remoto, fará suas atividades com vista para o mar. Vinícius é fotógrafo de eventos, especialmente casamentos, e não tinha trabalhos programados para os próximos dias. Para reduzir os riscos de contágio, além de sempre usar a máscara, eles acham importante evitar locais muito cheios e estar sempre com o álcool em gel à mão.
A adoção dos protocolos também foi avaliada pelo autônomo Pedro Araújo, que desembarcou em Salvador na quinta-feira, com a esposa, e seguiu para um resort em Imbassaí. Vindo de Belo Horizonte, eles escolheram um local onde pudessem ficar isolados do movimento local, com acesso a tudo que desejam sem precisar sair da área do empreendimento.
Mudança
Inicialmente, a viagem tinha sido programada para 2020, mas com a pandemia tudo mudou, então decidiram aproveitar o período carnavalesco. Pedro comentou estar surpreso com o movimento no aeroporto da capital baiana, principalmente comparando ao que viu no aeroporto mineiro, que estava bastante vazio.
O gerente de marketing e promoção aérea do Salvador Bahia Airport, Marcus Campos, destaca que além das medidas dos poderes públicos, a concessionária também tem atuado para fomentar viagens. "Temos incrementado o diálogo com as companhias aéreas e com as operadoras de turismo", ressalta, citando a chegada de um voo fretado pela BWT Operadora na última sexta-feira, trazendo 136 turistas.
De acordo com a assessoria da BWT, vindos de Curitiba (PR), os passageiros têm como destino final Praia do Forte, Imbassaí, Salvador e Morro de São Paulo, com maior concentração na primeira localidade.
Abrangendo a Praia do Forte, Imbassaí e Costa do Sauípe, entre outras praias, a Costa dos Coqueiros é uma das regiões destacadas pelo secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, por manter uma boa ocupação hoteleira, especialmente nos resorts. Outro exemplo está no Extremo Sul, onde ficam Porto Seguro, com os badalados distritos de Arraial d'Ajuda e Trancoso.
Franco ressalta que desde o início da pandemia, a Bahia já recuperou 85% da sua malha aérea, um dos melhores desempenhos do país. No entanto, acrescenta que uma parcela da população tem receio de viajar de avião na pandemia e que o cenário da Covid-19 nos estados de origem influenciam na decisão da viagem. Maior emissor de turistas para a Bahia, São Paulo registrou, na última quarta-feira, a maior média de mortes desde agosto.
Incentivo
O fomento ao turismo interno é outra estratégia importante, na visão do secretário, permitindo deslocamentos de carro particular e também de ônibus. Franco explica que as ações de incentivo estão concentradas nas redes sociais, que aliam baixo custo e boa efetividade, e há um alinhamento com a Secretaria de Infraestrutura para definição dos destinos a serem trabalhados, de forma a garantir que tenham boa acessibilidade.
O foco nas viagens mais curtas, frequentemente por via terrestre, dentro do estado ou na região Nordeste, também é enfatizado pelo secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Fábio Mota. "Temos vídeos mostrando Salvador para o soteropolitano, Salvador para os baianos, Salvador para o Nordeste…", comenta.
Mota diz que a capital baiana recebeu 850 mil visitantes no Carnaval de 2020 e que o estimado para este ano, em todo o período, é alcançar no máximo 20% desse número. Ele cita também o trabalho de reforço nos protocolos e a consolidação do Selo Verificado, concedido às empresas do setor, como indicativo de segurança sanitária.