Os dois buracos apresentam quatro metros de profundidade por cinco de largura
Após terem utensílios apreendidos pela prefeitura, na última quinta-feira, comerciantes informais da praia de Jardim de Alah passaram o dia sem trabalhar ontem. Para burlar a fiscalização, eles enterraram o material em dois buracos na areia.
Segundo a titular da Semop, Rosemma Maluf, quem armazenar mesas, cadeiras, sombreiros e afins na areia pode até ter a licença cassada. "Estamos divulgando as regras amplamente", disse.
A ação coordenada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) apreendeu 287 objetos: 152 cadeiras, 57 sombreiros, 34 mesas, oito sacos com latas de bebidas, sete bancos, seis sacos com utensílios de cozinha, cinco espreguiçadeiras, dois carrinhos, uma churrasqueira e outros.
Chamou a atenção do coordenador de fiscalização e ordenamento do mercado informal da Semop, Braz Pires, o fato de utensílios como panelas, isopores, pratos e talheres estarem enterrados em meio a ratos e baratas, em dois buracos de quatro metros de profundidade por cinco de largura.
"Era uma operação de rotina, que vinha recolhendo materiais desde a Barra. Quando chegamos ao Jardim de Alah, percebemos algo anormal na areia", afirmou Pires, que diz não ter recebido nenhuma denúncia anônima sobre os equipamentos.
"O mais grave é que esses utensílios seriam usados para servir à população, podendo causar doenças", disse.
Segundo Rosemma Maluf, os buracos ainda não foram fechados, devido à profundidade. A secretária afirma que vai verificar se pode notificar os permissionários para que os fechem, mas não previu quando isso será feito.
Ambulantes
Na manhã de segunda-feira, 17, A TARDE esteve no local e constatou que apenas dois comerciantes padronizados com os kits distribuídos pela prefeitura continuavam a trabalhar. À exceção deles, os funcionários das barracas informais lamentavam os prejuízos.
Eles se recusam a aceitar os kits porque, segundo dizem, não podem mais cobrar os clientes pelo aluguel de cadeiras e sombreiros, têm de pagar R$ 90,71 mensais pela permissão e vender apenas uma marca de cerveja.
Os kits básicos contêm um ombrelone, uma térmica, 20 cadeiras, 10 sombreiros, 10 mesas e 10 lixeiras. Os kits maiores possuem tenda, duas térmicas, até 40 cadeiras, 20 sombreiros, 20 mesas e 20 lixeiras, e o aluguel de R$ 300 por mês pela permissão.
Banhistas como a esteticista Cláudia Sampaio, 43, ficaram surpresos ao saber dos materiais na areia. "É coisa digna de uma orla que não tem organização. Entra verão, sai verão, e a cidade continua essa bagunça. Os banhistas que sofrem", afirmou.
Colaborou Yuri Silva