Crianças brincam no Centro Municipal de Educação Infantil União, na Boca do Rio
Para a pesquisadora Marlene Oliveira, o projeto da prefeitura não atende à proposta e finalidade da educação infantil. "Uma coisa é criar assistência para as crianças. Outra coisa é criar políticas públicas para garantir a matrícula de todas as crianças neste segmento. Para mim, a proposta é muito mais um paliativo, do que uma ação", opina.
Ela explica que a maioria das pré-escolas e creches de baixo custo assume um papel que é do poder público (o de ofertar vagas para crianças de zero a 5 anos) e não recebem contrapartida do governo para prestar um serviço de boa qualidade.
O recurso, segundo Marlene Oliveira, pode fortalecer ainda mais a desigualdade social, pois as crianças que moram na periferia, que são negras e filhas de trabalhadores, ficarão restritas às escolas de baixo custo, que talvez não dispunham de bons recursos e profissionais qualificados.
"O ideal seria ampliar o número de vagas e melhorar a qualidade das escolas e creches da rede pública de ensino", sugere.
Importância
Conforme a doutora em educação Leila Soares, a educação infantil favorece a construção da autonomia em relação à construção do conhecimento. "Nós ensinamos por meio de situações e brincadeiras. Isso ajuda no desenvolvimento da criança", diz.
Oliveira também acrescenta que a escola possibilita a socialização. "Eles aprendem a viver com outras crianças, a seguir uma rotina a ter organização, o que é muito importante", diz.
O programa da prefeitura também visa atender a uma das metas do novo Plano Nacional de Educação, que visa universalizar a matrícula de crianças na pré-escola até 2016. O plano foi aprovado, em junho, pela Câmara dos Deputados.