Imóveis no Ogunjá apresentam falhas na disposição de fundações, colunas e instalações hidráulicas
Uma iniciativa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea- -BA), que firmou parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Prefeitura de Salvador, promete sanar parte de um problema que assola a capital baiana: a construção e reforma de imóveis sem observar normas técnicas.
Ainda sem data definida para o início das ações, alunos do curso de engenharia da Ufba passarão a acompanhar a execução de obras realizadas por famílias que não têm condições de contratar um profissional da engenharia ou da arquitetura.
Serão atendidas as pessoas que buscarem os serviços do Escritório Público de Projetos, criado em 2001 e ligado à Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil (Sindec).
"O Escritório Público faz os estudos e fornece os projetos, mas não há pessoal suficiente para acompanhar a execução das obras. Com isso, erros de execução podem ser cometidos, desde como fazer a instalação elétrica ou mesmo ao pintar o imóvel", disse o presidente do Crea-BA, Marco Amigo.
Pela parceria, além de ajudar na elaboração dos projetos, os estudantes da Escola Politécnica da Ufba acompanharão as obras, e isto contará como parte das atividades de extensão necessárias para a formação.
Público-alvo
Pessoas cuja renda familiar não ultrapasse três salários mínimos podem ter acesso aos serviços do Escritório Público. Outros critérios são: o terreno onde será edificado ou ampliado o imóvel não pode ultrapassar 125 m²; a área construída não pode passar de 70 m²; e a edificação deve ter, no máximo, dois pavimentos úteis.
Segundo o presidente do Crea-BA, a intenção é universalizar o acesso aos serviços técnicos de engenharia da mesma forma como ocorre com a assistência jurídica e a assistência de saúde, por exemplo.
"É preciso deixar claro que os estudantes serão acompanhados por professores, que serão responsáveis pelos projetos realizados e executados", explica Marco Amigo.

Problemas
A reportagem de A TARDE foi às ruas da capital com o diretor da Escola Politécnica da Ufba e conselheiro do Crea- -BA, Luís Edmundo Campos, que apontou as irregularidades mais recorrentes nas construções.
"O que se pode ver, com facilidade, é que as construções tomam quase todo o espaço do terreno, o que não permite haver espaçamento entre as casas. Pode-se ver, também, que muitas colunas são esbeltas demais e muitas vezes desalinhadas", apontou o professor em edificações no Vale do Ogunjá e na Av. Vasco da Gama. "Mas este é um problema na cidade toda, ou melhor, em todo o país".
Luís Edmundo também apontou problemas visíveis nas instalações hidráulicas: "Em muitas casas, o escoamento das águas pluviais é direcionado para o sistema de esgoto".