Região das Sete Portas foi o "epicentro" dos protestos na segunda-feira
Apesar do anúncio de entendimento entre os sindicatos dos rodoviários (Sintroba) e das empresas de ônibus de Salvador (Setps), que evitaria a greve no transporte público marcada para esta terça-feira, 27, a população da capital viveu momentos de transtorno na volta para casa na segunda-feira, 26, por conta da insatisfação de centenas de trabalhadores, que não reconheceram o acordo.
O acordo, firmado em reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), concede aumento de 9%, para o salário e vale-refeição, e garante carga horária de sete horas, segundo Daniel Mota, diretor de comunicação do Sintroba.
Embora, o Sintroba defenda que o acordo teria sido aprovado em assembleia, os dissidentes negaram terem sido consultados e começaram a parar os ônibus, inicialmente na região das Sete Portas, onde se reuniram no Sindicato dos Eletricitários, e depois por toda a cidade.
Luciano Ramos, membro do grupo que divergiu do sindicato na época que a categoria realizou manifestações pelo pagamento da gratificação do Carnaval, afirmou que o acordo foi aprovado em uma reunião "fechada", com cerca de 40 pessoas. "Estamos sendo traídos mais uma vez", reclamou.
Conforme Carlos Alberto Alcântara, que em alguns momentos esteve à frente dos dissidentes, o presidente do Sintroba, Hélio Ferreira, teria saído escondido e protegido por seguranças, após fechar o acordo sem, ao menos, explicar aos demais que aguardavam pela assembleia qual foi o resultado do acordo.
Daniel Mota negou: "Houve a assembleia às 15h e informamos à categoria que havíamos aceitado o acordo".
Segundo ele, quem faz a negociação é a diretoria, e o resultado é passado para a categoria posteriormente: "A maioria decidiu pelo acordo. O fim da hora fracionada, que era uma das principais reivindicações foi atendido.
A conciliação já estava marcada. Alguém está querendo colocar em risco o que conseguimos", acusou Mota.
Reunião
Às 19h, houve uma reunião entre representantes dos dissidentes e o presidente do Sintroba, intermediada pelo secretário de Transporte e Urbanismo, Fábio Mota.
Mota disse que não ficou claro se os insatisfeitos manteriam a decisão de parar, mas adiantou que "para a prefeitura não existe greve, pois o acordo foi aceito pela categoria". E acrescentou que "a PM vai atuar nas garagens para que os ônibus saiam".
Já o Setps ingressou com pedido de dissídio coletivo na Justiça do Trabalho. A audiência de conciliação está marcada para as 8h30 de hoje, no Tribunal Regional do Trabalho (Nazaré). A desembargadora Débora Machado determinou que deverão estar nas ruas pelo menos 70% dos ônibus, em horários de pico, e 50%, nos demais horários.
A prefeitura informou, por meio de nota da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvaador (Transalvador), que um plano de contingência com uso de 30% da frota dos ônibus comuns e cerca de 300 micro-ônibus complementares será posto em prática se a greve for mantida nesta terça.