O que era para ser um protesto pacífico contra o aumento da passagem de ônibus e metrô em São Paulo virou uma guerra entre e Tropa de Choque da Polícia Militar e cerca de 500 estudantes, no Terminal D. Pedro II. Os manifestantes, ecoando um grito de paz, chegaram a ficar ajoelhados com as mãos erguidas para o alto. Inútil. A resposta da polícia, com mais de 70 homens, veio em forma de balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneos, sem trégua. Hoje à noite, a PM disse que apenas reagiu ao ataque de estudantes mascarados com toucas ninjas, que com coquetel molotov, pedaços de madeira e barras de ferro tentavam manter fechado os portões de acesso ao terminal Parque D. Pedro II. Nesse exato momento a reportagem do Grupo Estado estava lá e, é possível afirmar que nem os coquetéis molotov, nem as toucas ninjas existiram. Os estudantes de fato bloquearam a entrada do terminal, mas a violência foi desencadeada pela polícia.
"É preciso deixar claro que nosso movimento era para ser pacífico. Foi absolutamente desnecessária e exagerada a ação da polícia, disse LK, de 18 anos, estudante de uma escola particular de São Paulo e um dos organizadores da passeata. Ele preferiu não ser identificado com receio de perseguição da polícia. O terror protagonizado pela polícia começou com bombas de efeito moral lançadas contra os estudantes quando eles estavam sentados na entrada do Terminal. O corre-corre dispersou os jovens que, assustados, permaneceram no local. Mas o avanço da PM continuou. Desesperadas, pessoas que estavam dentro do Terminal e sem nenhum envolvimento com os estudantes gritavam e buscavam algum lugar para se proteger.
Eles querem matar todo mundo?, disse, em prantos, Ana Lins, vendedora, que aguardava seu ônibus. A Tropa de Choque da Polícia Militar, então, iniciou sua marcha terminal adentro para expulsar os estudantes. Pouco preocupados com quem seria o alvo, bombas eram lançadas, e os estudantes iam recuando. Um rapaz, deitado no chão, chegou a ser espancado a cassetetes por quatro polícias, ao mesmo tempo. Determinada, a Tropa saiu do terminal e seguiu em busca dos estudantes, soltando bombas. Pessoas que passavam nas ruas, motoristas, lojistas, todos foram afetados pelo terror e pelo gás nos olhos e nas vias respiratórias. Os estudantes dispersaram por completo e a manifestação acabou com dois estudantes detidos e levados ao 1º DP.