As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) podem ter executado brutalmente anteontem a advogada criminalista Sandra Medeiros Rodrigues, 29 anos, grávida de 2 meses, e seu marido, o corretor de seguros Adriano Peixoto Rodrigues, 33 anos.
O casal foi metralhado dentro do carro, um Vectra preto, por dois motoqueiros às 8h30 de anteontem, no Jardim Regina, em Pirituba, zona oeste da cidade. No começo deste ano, após descobrir ter sido enganada por um casal de colombianos que acreditava ser das Farc, Sandra fez a denúncia à Polícia Federal. Teria, no entanto, se recusado a entrar no Programa de Proteção às Testemunhas.
O duplo homicídio está sendo investigado pela equipe I-Sul do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já está com um dossiê da investigação, enviado pela Polícia Federal.
As famílias das vítimas também foram ameaçadas pela quadrilha, envolvida no tráfico internacional de drogas. "Eles deixaram um filho de apenas 2 anos, que somente não morreu porque não estava no carro. O bebê também foi ameaçado de morte pelas Farc", contou um amigo da família à polícia.
Anteontem, depois de ver morta a filha que sonhava ser juíza, o pai de Sandra, que também teme ser executado, tentou ligar para o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pedindo socorro.
Amigos íntimos - A Polícia Civil já descobriu que, há cerca de três anos, as vítimas, recém-casadas, envolveram-se com um rico casal de colombianos, primeiro identificado como Humberto e Beatriz Parra. Articulados, esses colombianos se diziam vítimas de estelionatários no país de origem. Rapidamente, o casal e as vítimas se tornaram amigos íntimos.
Os colombianos chegaram a comprar uma casa vendida pela imobiliária Peixoto, em Pirituba, cujos donos são os pais de Adriano. "Eles eram verdadeiros artistas. Pediam ajuda para Sandra e Adriano, seus únicos amigos no Brasil. Garantiam estar com problemas de documentos na Justiça. Sandra foi seduzida a colocar carros e casas no nome dela. Daí, quando descobriu que estava sendo usada pelas Farc, correu para a Polícia Federal", contou outro familiar.
Há algum tempo, a família de Adriano suspeitou que o casal estava sendo usado pelos colombianos. Mas Sandra os teria defendido e discutiu com os pais do marido. As vítimas descobriram tarde demais estarem envolvidas no esquema criminoso. O casal suspeito está desaparecido. Na Polícia Federal, Sandra reconheceu fotos do homem, que na verdade se chamaria Frederic. Ele já estaria sendo investigado na Colômbia, no México e na Espanha e seria membro do 3º escalão das Farc.
O casal foi enterrado às 17h de ontem no Cemitério da Lapa. As famílias estavam assustadas, mas não escondiam a revolta. Hoje, o DHPP deve se pronunciar sobre a investigação do caso.