Em um depoimento em vídeo exibido sob um toldo improvisado no meio do sambódromo carioca, Oscar Niemeyer comemorou hoje acordo entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Ambev para a reforma do local dos desfiles das escolas de samba. Todos os camarotes do setor par serão demolidos a partir de março de 2011 e vão dar lugar a quatro módulos de arquibancada. Com as obras, orçadas em R$ 30 milhões e bancadas pela indústria de bebidas, a capacidade de público do sambódromo passará de 60 mil para 77,8 mil espectadores.
"É a volta ao projeto original, àquele que foi amplamente estudado por mim, Darcy Ribeiro e outros companheiros", disse Niemeyer, que completa hoje 103 anos. "O principal objetivo era dar uma perfeita visibilidade ao público". A reforma também servirá aos Jogos Olímpicos de 2016. Para o sambódromo, estão previstas provas de tiro com arco e a chegada da maratona. "O Niemeyer projetou a Passarela do Samba de outro modo e só agora seu sonho será realizado", comentou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
O traçado original desenhado por Niemeyer permitia uma visão completa da Praça da Apoteose, ponto final dos desfiles, de todos os locais da Avenida Marquês de Sapucaí. Isso, no entanto, não era possível por causa da construção de três pavimentos de camarotes ao lado da antiga fábrica da Brahma, cujo prédio, anexo ao sambódromo, também vai ser demolido. No terreno da cervejaria será erguido outro edifício, de até 18 andares, onde funcionarão um hotel e vários escritórios.
O sambódromo, inaugurado em 1984, vai receber normalmente as escolas no carnaval de 2011. As obras incluem os módulos de arquibancada e novos camarotes, com banheiros privativos, e terão de ficar prontas antes do início da festa seguinte, em 2012.