O Ministério Público Estadual vai investigar denúncias de falhas no atendimento do Centro de Hemodiálise do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), mantido pelo governo do Estado de São Paulo. Um grupo de pacientes procurou hoje a Promotoria Pública de Sorocaba para pedir a investigação. Eles alegam que as máquinas param durante as sessões de diálise por falta de água e de manutenção. Dizem, ainda, que o número de horas de cada sessão foi reduzido. O serviço atende a 120 doentes renais crônicos de Sorocaba e região.
Segundo os pacientes, 17 das 25 máquinas estão com problemas, mas continuam sendo usadas. O centro fica no hospital Santa Lucinda, uma das unidades do CHS. No tratamento dos doentes com insuficiência renal, as máquinas são usadas para fazer a função do rim na filtragem do sangue. O paciente precisa fazer três sessões semanais de quatro horas cada para evitar o acúmulo de impurezas no sangue. De acordo com os doentes, por falta de máquinas, o período de filtragem foi reduzido para duas horas.
Alguns constataram ter saído da diálise com o mesmo peso do início da sessão. Normalmente, os doentes perdem entre 3 e 4 quilos após a diálise - peso correspondente à urina e impurezas retiradas do sangue. Também teria deixado de ser feita a desinfecção dos aparelhos entre uma sessão e outra. Como o número de equipamentos é insuficiente, muitos pacientes estão sendo deslocados para tratamento em outras cidades. Segundo a denúncia do grupo, em decorrência desses problemas, teria havido um aumento no número de mortes entre as pessoas em tratamento.
O promotor Antonio Farto Neto considerou as denúncias graves. Ele decidiu documentar a reclamação dos doentes e abriu um procedimento preliminar de investigação. Farto Neto ressalvou que, no caso do aumento da mortalidade entre os doentes, os reclamantes não apresentaram números que comprovem a denúncia. O processo será transformado em inquérito.
A Secretaria da Saúde do Estado informou não ter ocorrido, este ano, nenhum óbito de paciente em tratamento de hemodiálise no CHS. De acordo com a assessoria de imprensa, ocorreram avarias nas máquinas que perduraram dois dias na semana passada, mas elas já foram reparadas. Em razão desses problemas, houve redução no tempo de uso dos equipamentos, mas os casos foram avaliados previamente por um médico. Segundo a assessoria, o atendimento já voltou ao normal. A Secretaria prevê a compra de 12 novas máquinas de hemodiálise até o início do ano que vem.