A infância e a juventude são tratadas com descaso e a falta de investimentos sonega o direito de meninas e meninos terem uma família, afirmou hoje (8) o coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Miguel Velasquez.
O promotor disse ainda, no encerramento do seminário Criança: cadê a família?, que chegou a hora de as instituições públicas prestarem contas sobre o que estão fazendo para melhorar a vida de milhares de crianças e adolescentes. Ele elogiou o trabalho realizado pela organização não-governamental gaúcha Instituto Amigos de Lucas, na prevenção ao abandono da infância e na luta pela garantia de uma lar para toda criança.
A instituição vem conscientizando os órgãos governamentais de que não se pode deixar uma criança tanto tempo dentro de um abrigo, afirmou.
Para o procurador-geral de Justiça em exercício, Antonio Carlos de Avelar Bastos, que também participou do encontro, "num país em que a infância está cada vez mais desprotegida, é impossível não se sensibilizar com o trabalho de voluntários de extraordinário senso humano.
Iniciado ontem (7), o seminário é o sexto realizado no país pelo Grupo de Trabalho Pró-Convivência Familiar e Comunitária, resultado de parceria da Associação Brasileira Terra dos Homens com os escritórios regionais do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
A diretora executiva da Associação, Cláudia Cabral, lembrou que "a família é a idéia central do seminário" e que "ver apenas a criança que está na rua, sem entender o que se passa em seu núcleo familiar, é um equívoco que vem sendo historicamente repetido".
Nos dois dias do encontro foram discutidas modalidades alternativas à institucionalização de crianças e adolescentes, como a prevenção, o afastamento, a reintegração e o acolhimento familiar, entre outros.