Novas gravações divulgadas pela empresa mostraram que houve uma briga com os funcionários, com outras ofensas homofóbicas | Foto: Reprodução
Foi determinado nesta segunda-feira, 23, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a conversão da prisão em flagrante de Lidiane Brandão Biezok, 45 anos, em prisão preventiva domiciliar. Ela foi filmada na última sexta-feira, 20, durante um ataque homofóbico em uma padaria em São Paulo.
"Foi determinada a conversão da prisão em flagrante em preventiva domiciliar de LIDIANE BRANDÃO BIEZOK com base no artigo 312 do CPP [Código de Processo Penal], a ser cumprida na residência da indiciada e de lá não podendo sair, sob pena de ser revogada pelo Juízo a prisão na forma domiciliar", informou a assessoria do TJ-SP ao UOL.
De acordo com informações do UOL, nas primeiras imagens do caso, Lidiane aparece agredindo um cliente na padaria Dona Deôla, na Pompeia. Novas gravações divulgadas pela empresa mostraram que houve uma briga com os funcionários, com outras ofensas homofóbicas.
Apesar das imagens, Lidiane disse que foi vítima no caso e tem sido ameaçada na internet. Ela afirmou ainda que tem transtorno bipolar e reclamou da padaria, ameaçando processar o estabelecimento.
"É muito comum que ela venha aqui. Ela fica e consome, mas reclama da comida. Sempre foi grosseira, mas nunca teve um problema tão grande. Ela estava exaltada, reclamando da comida e destratando funcionários. Ela disse que, se a comida não estivesse boa, ia arremessar. O supervisor tentou acalmar. O atendente nosso percebeu que ela estava se exaltando contra o supervisor, que é um senhor, e pediu para ela falar baixo. Ela virou e falou 'sai, seu veado' e uma série de palavrões. Então os clientes se levantaram e começaram a filmar", contou Carolina Mirandez, agente de marketing da Dona Deôla.
Lidiane afirmou que também foi agredida.
"Eu estava pegando minha bolsa para ir embora e não queria fazer nada. Mas eles me agrediram. Antes de eu agredir, eles me agrediram, quando eu ainda estava sentada. Pegaram meu cabelo e disseram que era pixaim", alega a acusada. Mas Carolina nega que isso tenha acontecido: "Ela foi abordada por dois clientes, mas não teve agressão. Foi abordada, eles questionaram, disseram que ela não podia falar daquele jeito. Mas agressão não teve".
Lidiane afirmou que não suportou as supostas provocações porque tem um problema de saúde.
"Eu tenho bipolaridade. Chega uma hora que eu não aguento. Foi uma crise de bipolaridade. E ainda estou tendo crise. Minha mão não para de tremer. Eu sou inválida. Quando tem provocação, acabo perdendo a cabeça. Mas pedi desculpas. Falei coisas que não queria, que não sinto isso", afirmou.
"Toda minha família está sendo ameaçada. Todo mundo está apagando o Facebook porque estava recebendo ameaça de morte. Gente me chamando de vadia, de desgraçada, dizendo 'a gente vai acabar com você'. Sou uma pessoa de bem, sou uma pessoa boa. Mas sou alvo de uma campanha horrorosa", lamentou.
Kelton, uma das pessoas agredidas no caso, relatou o momento no Instagram e falou do trauma causado.
"Estamos processando várias coisas ainda, quando conseguirmos organizar todo esse trauma, vamos responder a todos. É muito difícil ficar revisitando essas coisas, mas tenho provas e tenho como rebater elas. Mas não queria que isso acontecesse com nenhum de nós. Peço e exijo que se estamos falando de um lugar mais saudável, temos que falar de um lugar antirracista, não um lugar menos racista", afirmou Kelton.