Segundo o relatório, o número crescente de casos está associado às ações do presidente Jair Boslonaro (sem partido) para descredibilizar a imprensa | Foto: Reprodução
Os jornalistas brasileiros tiveram em 2020 o ano mais violento desde o início da série histórica dos registros dos ataques à liberdade de imprensa feitos pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), iniciada na década de 1990. É o que aponta o relatório “Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil”, divulgado nesta terça-feira, 26. De acordo com o documento, foram 428 casos de violência, o que representa 105,7% a mais em relação ao ano de 2019, que teve 208 registros.
Segundo o relatório, o número crescente de casos está associado às ações do presidente Jair Boslonaro (sem partido) para descredibilizar a imprensa e de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas. Dos 428 casos, 152 (35,5%) foram de discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística. Sozinho, Bolsonaro foi responsável por 145 casos de descredibilização da imprensa, por meio de ataques a veículos de comunicação e a profissionais, e outros 26 registros de agressões verbais, duas ameaças diretas a jornalistas e dois ataques à FENAJ, totalizando 175 casos, o que corresponde a 40,8% do total.
No ano passado, houve duas mortes de jornalistas, por dois anos seguidos. O crescimento da violência foi expressivo nas categorias de Censuras (750% a mais) e Agressões verbais/Ataques virtuais (280% a mais). As agressões físicas eram a violência mais comum até 2018, mas diminuíram em 2019 e, em 2020, voltaram a crescer: foram 32 casos, 17 a mais do que as 15 ocorrências registradas no ano passado. O crescimento foi de 113,3%. Já os episódios de cerceamento à liberdade de imprensa, por meio de ações judiciais, cresceram 220%: foram 16 casos neste ano contra cinco em 2019.
Por Região e Estado
O Centro-Oeste foi a região brasileira com maior número de atentados à liberdade de imprensa no de ano de 2020. O Sudeste se mantém como a região com mais casos de violência direta contra jornalistas. Em números, o Centro-Oeste registrou, em 2020, 130 casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa, totalizando 48,5% do total.
Na Região Nordeste, foram 19 casos (6,8% do total). Entre os estados da região, o Ceará continuou sendo o mais violento para a categoria, com sete casos. Bahia, Paraíba e Pernambuco registraram três ocorrências cada (1,09% do total).