Bate-papo segue disponível no canal do Grupo A TARDE no YouTube | Foto: Gisele Souza | Ag. A TARDE
Neste período em que a celebração carnavalesca estaria se aproximando do seu fim, o GRUPO A TARDE realizou uma mesa redonda, na tarde desta terça-feira, 13, trazendo uma discussão enriquecedora sobre a relação entre a pandemia do novo coronavírus e a ausência da maior festa popular do planeta, bem como os impactos gerados na economia e no âmbito do entretenimento.
No bate-papo virtual, estiveram presentes o presidente da Saltur, Isaac Edington, o diretor da Aliansce, Ewerton Visco, o sócio-diretor do grupo San, André Magal e o sócio-diretor da Central do carnaval, Joaquim Nery.
De forma unânime, os convidados destacaram o sentimento de frustação por não ter ocorrido o maior produto cultural da cidade, responsável por movimentar diversos setores durante todo o ano e inclusive a economia local, visto que a sua ausência tende a estagnar o ciclo econômico da capital.
Durante a live, cada convidado mostrou o quão impactante, em especial financeiramente, está sendo a ausência do carnaval, seja para a cidade, turismo ou para o setor do entretenimento, uma vez que todos são responsáveis pela consolidação anual da folia. Dentre os relatos, foram destacadas as demissões que algumas empresas precisaram fazer, assim como, as dificuldades de se manterem, sem ou com pouca receita econômica.
“Recuperar [impactos econômicos devido à ausência do carnaval] jamais. Quando você perde um ciclo econômico desse, jamais você pode recuperar. É claro que iremos ter outros carnavais, que no futuro teremos carnavais provavelmente tão grandes como já tivemos em anos anteriores, ou até mesmo maiores, mas jamais vamos recuperar aquilo que se perdeu esse ano”, disse Quinho Nery, sócio-diretor da Central do Carnaval.
Um levantamento da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE) indica que foram perdidos, desde o início da pandemia de Covid-19, 335.435 empregos formais no setor de entretenimento e que o número pode ultrapassar 450 mil, caso sejam contabilizados os trabalhadores indiretos. Segundo a associação, esse número supera em cerca de 80 vezes os empregos afetados com o fechamento das fábricas da Ford no Brasil.
A ausência da folia pegou a todos, principalmente soteropolitanos, de surpresa. “Nós, como baianos, nunca imaginamos não ter o carnaval”, afirmou André Magal, que complementa dizendo que “o prejuízo é imensurável, pois ficamos um ano sem receita nenhuma, não tem produto, pois vivemos do carnaval e de festas”.
Durante os últimos dias, muito foi especulado sobre a possível realização de um carnaval fora de época. “Acho que ninguém, pelo menos quando a gente fala de gestores responsáveis, pode afirmar qual é a data do próximo carnaval”, ressaltou Isaac, presidente da Saltur, prosseguindo que acredita ser pouco provável, pelo menos no formato em que conhecemos, a realização do carnaval em julho/outubro, pois existe toda uma cadeira produtiva que precisa ser preparada para a realização do evento.
Além disso, outro ponto que tem sido bastante enfatizado nos últimos tempos é dos novos, possíveis, modelos de entretenimento. Nesse sentido, Nery destaca a importância das lives como impulsionadoras e divulgadoras para o evento. "Esses episódios das lives vieram para ficar, e isso, não tenha dúvida alguma, que vai estar relacionado com o carnaval".
Quanto ao processo de retomada, Ewerton acredita que “essa indústria [entretenimento e turismo] vai precisar de muito apoio”, pois segundo ele, “se o setor não voltar o mais rápido possível, haverá consequências drásticas para os negócios”.
Ainda na ocasião, o presidente da Saltur informou que a prefeitura pretende fornecer um auxílio para o público do setor criativo da cidade, que engloba cultura, entretenimento e afins. "A prefeitura estuda sim um auxílio, um pacote de benefícios, que no momento adequado o prefeito deve anunciar", finalizou.