A controvérsia em torno do presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, sobre a promoção de sua namorada é de "grande preocupação para todos nós", disse o comitê de desenvolvimento da entidade neste domingo, 15.
"Temos que assegurar que o banco possa dar continuidade a seu objetivo e manter sua credibilidade e reputação, assim como a motivação de seu pessoal", disse o comitê em comunicado.
Injustiça
Shaha Riza, a mulher que está no centro do escândalo que pode levar à renúncia de Wolfowitz, disse que tem sido tratada injustamente e que foi obrigada a aceitar a transferência para o Departamento de Estado dos Estados Unidos, pela qual nunca pediu.
Shaha afirmou que foi surpreendida quando lhe disseram que deveria aceitar um posto de trabalho externo, segundo um comunicado enviado recentemente à comissão que analisa sua promoção e aumento de salário.
O caso provocou um escândalo no Banco Mundial. Wolfowitz foi acusado de favorecer a namorada e a Associação dos Funcionários do Banco Mundial pediu sua demissão.
"Quero reiterar que não queria deixar o banco e que nunca quis, nem quero, nenhum favorecimento", afirmou Shaha. Ela, que antes da transferência foi conselheira de comunicações no Departamento do Oriente Médio do banco, informou que espera voltar à instituição o mais rápido possível para continuar sua carreira.
"Tenho sido tratada injustamente por ceder a um acordo ao qual me opus e que desde o começo não acreditava que fosse o melhor para mim", acrescentou.
Promoção
Shaha aceitou uma promoção ao Departamento de Estado americano em setembro de 2005, pouco depois de Wolfowitz assumir a presidência do banco. Com a transferência, passou a receber um salário de US$ 193.590 ao ano, maior do que a da própria secretária de Estado, Condoleezza Rice (US$ 183.500 anuais).
Posteriormente, o comitê de ética da instituição determinou que a executiva deveria ser transferida para evitar conflito de interesses. Shaha, porém, continua na folha de pagamento do banco.
No comunicado, Shaha sustentou que não dependia de Wolfowitz dentro do Bird. "Depois de oito anos de serviço no banco, não me reportava direta ou indiretamente ao sr. Wolfowitz."
Ela afirmou ainda que espera que o conselho do banco encontre uma "solução justa e razoável, que ponha fim aos ataques públicos e privados injustificados e maliciosos". Segundo Shaha, o tema tem provocado estresse e dor.
Transferência
Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado, disse na sexta-feira que Shaha foi transferida para a Fundação para o Futuro, organização não-governamental financiada principalmente pelos Estados Unidos.
Ela ocupa a função de assessora da comissão de diretores. A fundação foi criada para entregar bolsas de estudo a grupos da sociedade civil que "fomentam a democracia e a liberdade no Oriente Médio e África do Norte".