A Índia, que já é o mercado de crescimento mais rápido para os serviços de comunicação sem fio, vai se tornar fabricante e centro de exportações de celulares, com gigantes como a Nokia e a LG produzindo milhões de unidades para atender à voraz demanda.
As fabricantes mundiais de celulares estão batendo à porta da terceira maior economia asiática devido ao seu setor de software estabelecido, ao mercado doméstico florescente e ao fato de que desejem outro centro de produção para compensar os possíveis riscos de operarem fábricas na China.
"Não resta dúvida de que todos estão planejando usar a Índia como centro de (exportação de) celulares ao Oriente Médio, aos países vizinhos e possivelmente até à Europa", disse Rajiv Kochhar, presidente-executivo da consultoria Avista Advisory, em Bombaim.
A consultoria ajudou a Elcoteq SE, maior fabricante terceirizada de celulares da Europa, a construir fábricas em Bangalore, Pune e Chennai, um porto no sul da Índia.
"As capacidades de engenharia de software são um fator decisivo para a abertura de uma fábrica -e a Índia dispõem delas de maneira abundante", afirmou.
Mais de 40 por cento do software usado na popular linha de celulares RAZR da Motorola é desenvolvido na central de pesquisa e desenvolvimento que o grupo opera na Índia.
A Nokia, que tem participação de quase 50 por cento no mercado indiano de celulares, que movimenta 2,5 bilhões de dólares ao ano, e seus fornecedores estão investindo 150 milhões de dólares em uma fábrica em Chennai, que produz alguns milhões de telefones ao mês e já exportou celulares para países do sudeste asiático como Cingapura, Indonésia e Tailândia.
Jukka Lehtela, diretor de operações indianas da Nokia, disse que a empresa está reservando entre 30 por cento e 40 por cento de sua produção na Índia à exportação.
"Os mercados em crescimento estão aqui -Índia, Oriente Médio e África. A Índia ocupa posição central, geograficamente, e para nós transportar produtos da Índia é mais fácil e barato do que fazê-lo da China ou Europa", afirmou Lehtela.
O mercado doméstico indiano, que deve crescer para 5,8 bilhões de dólares até 2010, deve consumir cerca de 55 milhões de celulares este ano, alta de 71 por cento ante 2005. Entre 4 milhões e 5 milhões de novos usuários chegam ao mercado indiano a cada mês, atraídos pela tarifas mais baratas do mundo, que podem ser tão baixas quanto 2 centavos de dólar por minuto.
Analistas esperam que a base de usuários de celulares da Índia cresça para 278 milhões até 2010. O volume atual de clientes de telefonia móvel do país, 93 milhões, supera as populações combinadas da Alemanha e da Bélgica.