A China permitirá, provavelmente a partir deste ano, que empresas estrangeiras emitam bônus denominados em iuan, como parte dos esforços para diminuir a pressão de alta sobre a cotação da moeda ao reduzir a entrada de capitais, segundo uma alta funcionária do banco central.
Wu Xiaoling, diretora do Banco Popular da China, também disse que Pequim continuará a seguir seu próprio caminho na reforma cambial, apesar da pressão norte-americana para flexibilizar a moeda mais rapidamente.
"Permitir que investidores estrangeiros levantem fundos a partir da emissão de bônus em iuan é melhor para o desenvolvimento equilibrado da economia chinesa do que trocar capital estrangeiro pelo iuan", disse a repórteres no intervalo de uma reunião do órgão consultivo do parlamento chinês.
Perguntada se a medida será tomada neste ano, Wu disse: "Acho que sim".
Até o momento, apenas duas organizações internacionais, o Banco Asiático de Desenvolvimento e a International Finance Corp --braço do Banco Mundial--, têm permissão para emitir em iuan.
Wu disse acreditar que o mercado de bônus privados na China tem grande potencial para crescer, dado que representa apenas uma pequena parte do mercado de capitais do país.
No entanto, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, poderoso órgão de planejamento econômico, atualmente controla a emissão de novos bônus com a definição de cotas anuais.
"Um mercado de bônus corporativos real não precisa de um sistema de cotas --o que importa é a demanda das companhias e a habilidade do mercado em atendê-la", disse.
IMPACTO SOBRE O DÓLAR
Wu também disse que, mesmo que a China aumente a aplicação das crescentes reservas internacionais em ativos não-denominados em dólar, não haverá um grande impacto no mercado norte-americano de bônus porque isso não significaria que a China abandonará os investimentos já existentes.
Pequim está inclinada a desenvolver seu mercado de swaps cambiais, disse, acrescentando que o banco central estuda permitir que bancos estrangeiros atuem diretamente no mercado de swaps.
Ela reiterou a posição de Pequim de que o nível do iuan será determinado pelo mercado.
"A direção de nossa reforma não mudará, e o ritmo será controlado por nós", afirmou quando perguntada o que diria ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, se ele pressionar Pequim na próxima semana sobre a questão do iuan.
Paulson fará uma breve parada em Pequim no dia 7 de março, em meio a uma viagem pela Ásia. Membros do governo norte-americano, que diz que o iuan está desvalorizado artificialmente, pediram repetidamente a Pequim que permita a valorização da moeda.
Wu também confirmou que Pequim planeja definir um novo esquema de investimentos para as reservas internacionais de 1,07 trilhão de dólares, mas disse que os detalhes ainda estão sendo acertados. Parte das reservas provavelmente serão aplicadas em ativos estratégicos, afirmou, sem explicar.
Wu também disse não acreditar que a recente aceleração dos preços dos grãos dure muito tempo, mas afirmou que a China ainda enfrenta pressões inflacionárias e que o banco central se mantém atento à situação.