O governo vai retomar a discussão sobre as indicações para o conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) logo depois das eleições, caso se confirme nas urnas um resultado favorável para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a saída do conselheiro Luiz Alberto da Silva no dia 5 de novembro, anunciada hoje, haverá duas vagas na Anatel. Uma delas está aberta desde novembro de 2005, quando terminou o mandato do ex-presidente da Agência Elifas Gurgel do Amaral.
Os grupos que têm bala na agulha para uma indicação desse tipo já começaram a se articular para emplacar seus apadrinhados. Na disputa pela indicação de nomes estão o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a cúpula do PMDB, formada pelos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), e a ala sindical do setor de telecomunicações ligada ao PT.
A vaga deixada por Elifas foi prometida ao PMDB, que não conseguiu chegar a um consenso em torno de um nome. Então, em junho deste ano, o governo decidiu nomear o conselheiro Plínio de Aguiar Júnior para um mandato-tampão de presidente até 31 de dezembro de 2006. Não está descartado a abertura de uma terceira vaga no Conselho, já que começa a ser cogitada no setor a possibilidade de o conselheiro José Leite Pereira Filho antecipar sua saída, prevista para novembro de 2007. Assim como Luiz Alberto, Leite foi indicado no governo tucano e é identificado entre os petistas como aliado do PSDB. Os dois têm votado contra o governo, como foi o caso do pedido feito por Hélio Costa para que fosse adiada a licitação das freqüências para exploração dos serviços de banda larga sem fio (WiMAX).
Costa precisava de três votos e só obteve dois: dos conselheiros Plínio de Aguiar Júnior e de Pedro Jaime Ziller, ambos indicados por Lula. Com duas vagas na Anatel, voltam a surgir nomes para os cargos, entre eles o do procurador-geral da Agência, Antônio Bedran, cotado como uma das opções do ministro Hélio Costa, de quem é amigo e conterrâneo. Na época em que Elifas deixou a Agência, o nome de Bedran chegou a ser levado ao Palácio do Planalto, mas contou com a oposição da ala sindical, como a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel).
Diretores da entidade, segundo fontes do setor, preferem ver no conselho da Anatel o atual ouvidor da Agência, Aristóteles dos Santos, que apareceu pedindo votos para o presidente Lula no horário eleitoral gratuito. Com duas vagas, cresceram também as chances do assessor especial da Casa Civil, André Barbosa. O nome dele também foi cogitado em junho, mas, na época, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, segundo fontes do setor, não quis confronto com o PMDB, preferindo esperar pela vaga de Luiz Alberto. Também vem sendo ventilado o nome do presidente do conselho consultivo da Agência, Luiz Fernando Linhares, ligado ao PT.