A Cúpula Global de Microcrédito começou hoje e já traçou metas ambiciosas de alcançar 175 milhões de pessoas (principalmente mulheres) e assegurar que as 100 milhões de famílias mais pobres do mundo ultrapassem a linha da miséria - ou seja, possam viver com mais de US$ 1 por dia.
Para os 2,3 mil delegados de 100 países que foram a Halifax, no Canadá, o destaque do evento foi o prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, cujo banco Grameen já outorgou pequenos empréstimos a 6 milhões de clientes, ajudando-os a sair da extrema pobreza.
Em seu discurso, Yunus perguntou qual seria o primeiro país a colocar a pobreza em um museu. "Já não somos uma nota de rodapé do sistema financeiro mundial", afirmou. "Somos parte da corrente principal, e esperamos chegar ao centro do sistema financeiro mundial". Ele destacou também que há poucos países no mundo sem nenhum tipo de programa de microcrédito.
Entre os temas debatidos na Cúpula - que vai até o dia 15 - estão a redução de custo e melhoria da produtividade, as microfinanças nas áreas rurais e com baixas densidades populacionais, os programas inovadores para alcançar os indigentes, desenvolvimento da microempresa e o microsseguro. Foi assinada a Declaração de apoio à Cúpula do Microcrédito, que resumia uma série de ações a serem seguidas pelas instituições.
O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, recebeu aplausos ao anunciar a criação de um ministério das microempresas, e pediu que a próxima Cúpula se realize na América Central. Ele destacou que "a América é umas das regiões mais desiguais do mundo".
A rainha Sofía, da Espanha, afirmou que nos últimos 10 anos surgiram 3 mil instituições de microcrédito que alcançam 113 milhões de clientes pelo mundo. "Temos de nos comprometer a alcançar os objetivos que estabelecemos", disse a rainha, referindo-se às 100 milhões de famílias. O chanceler canadense Peter McKay disse que o país aportará US$ 40 milhões a projetos de microfinanciamento.
O vice-presidente do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, destacou que seu país é o que melhor distribui renda na América Latina, "mas não conseguiu escapar da crise" e quase 30% da população vive abaixo da linha de pobreza. No país, ele diz que o setor de microcrédito ainda é muito pequeno.
O primeiro-ministro do Paquistão, Shaukat Aziz, pediu o compromisso dos governos com o setor de microcrédito, a capacitação de quem recebe os empréstimos junto à provisão de serviços sociais e infra-estrutura. Aziz pediu também que o microcrédito seja incluído no setor financeiro para que a iniciativa privada possa prover capital.