O cenário externo um pouco mais tranquilo permitiu que o mercado de câmbio tivesse um dia de correção de exageros nesta quinta-feira, e o dólar encerrou em baixa de 1,36 por cento, vendido a 2,175 reais.
Persiste entre os analistas a idéia de que o mercado brasileiro está cada vez mais atrelado ao panorama internacional, oscilando de acordo com o comportamento de outros ativos, principalmente o de países emergentes.
Na quarta-feira, o dólar subiu 3,28 por cento --o maior ganho diário em três anos--, na esteira da piora nos outros mercados pelas preocupações de que uma inflação maior nos Estados Unidos possa motivar o Federal Reserve a prosseguir com os aumentos na taxa de juro, o que desaceleraria o crescimento econômico global.
Mas nesta sessão, os mercados globais ficaram um pouco mais favoráveis para os emergentes, com recuo do dólar frente a outras divisas e queda no rendimento dos Treasuries. Houve ainda a melhora no desempenho dos títulos da dívida externa brasileira.
"O que está ditando mesmo é o cenário externo, reflete internamente em virtude de investidores saírem daqui, venderem seus ativos aqui e partirem para papéis mais seguros", comentou Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy.
Analistas lembraram que as apostas para o rumo da política monetária nos EUA ainda não estão firmadas, mas sempre que há uma rápida melhora lá fora, o mercado aproveita para corrigir a alta exagerada provocada pelo nervosismo. O avanço da moeda norte-americana também atrai alguns exportadores para a ponta de venda do mercado.
A melhora, entretanto, foi insuficiente para atrair o Banco Central de volta para o câmbio. A autoridade monetária não fez leilão de compra de dólares, assim como na véspera.
TENDÊNCIA PARA MÉDIO PRAZO
A volatilidade observada desde a reunião do Fed na semana passada fez o dólar sair da mínima de 2,061 reais, no fechamento do dia 10, para 2,205 reais no final da última quarta-feira. Mas analistas acreditam que ainda não significa que houve uma reversão na tendência de apreciação do real com base nos fundamentos econômicos do Brasil.
O gerente de câmbio da corretora Souza Barros, Marcos Forgione, lembrou que, mesmo que os juros norte-americanos subam mais, a taxa de juro brasileira ainda é bastante atrativa ao investidor estrangeiro.
"O que está acontecendo são alguns ajustes, porque teve a possibilidade de aumento um pouco mais expressivo (de juro) lá fora e isso estressa o mercado.. mas se fizer análise de curto e médio prazo, nada mudou", disse Forgione, apostando que o dólar pode voltar aos patamares do início do mês.