Você sabe quanto paga de imposto ao adquirir um detergente? E um simples refresco em pó que custa R$ 0,80? O primeiro produto tem taxa de 40,50%, o equivalente a R$ 0,34 dos R$ 0,83 pagos pelo consumidor final. No caso do refresco em pó, são R$ 0,31. Os valores podem parecer irrisórios, mas pesam, e muito, no bolso, quando somados.
Conscientizar os consumidores sobre a quantidade de impostos pagos no Brasil e sua influência sobre o preço final dos produtos é o objetivo do Feirão do Imposto, realizado neste sábado, 25, no 2º piso do Shopping Iguatemi. A iniciativa da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) e tem apoio da Associação dos Jovens Empreendedores mostrará ao público produtos de limpeza, mercearia, construção, dentre outros, com as respectivas taxas.
Para o presidente da AJE na Bahia, Frederico Machado, o evento é importante porque o brasileiro costuma desvincular o preço final dos produtos da carga tributária que incide sobre eles. Muitas vezes a população coloca a responsabilidade do preço alto no empresariado, afirma.
Além disso, o feirão tem um tom de protesto e busca alertar também o empreendedor. A expectativa é que fazer com que o empreendedor tenha maior consciência do que ele vai pagar, porque a carga tributária é salgada e este, por não saber disso, colaboram coma máxima de que as empresas no Brasil não duram mais do que um ano, explica.
Um relatório anual sobre impostos em 86 países da consultoria KPMG revelou que o Brasil tem uma das cargas tributárias sobre empresas mais altas do mundo. O estudo mostra que o imposto médio sobre uma empresa no país é de 34% da receita anual, o que coloca o Brasil na 17ª posição entre 86 países analisados. A carga tributária brasileira ainda está acima da média mundial, de 27,1%, e da média latino-americana, de 28,1%.
No Feirão, dentre os cerca de 70 produtos expostos estão, por exemplo, o litro da cachaça, campeão do imposto entre os itens selecionados para o Feirão. Do preço final da bebida, 83,07% vai para os cofres públicos. Um aparelho de DVD no valor de R$ 620 tem taxa de 51,59%, o que equivale a R$ 319,86. Segundo os especialistas, quanto mais supérfluo o produto, maior a sua taxação. Isso explica porque o feijão, ítem considerado de primeira necessidade, consome apenas 16,54% em impostos.
O Feirão serve também para lembrar à população que o governo deve uma prestação de contas ao povo, que paga, por ano, 37,82% de seus rendimentos em tributos, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O número é relativo à carga efetiva de impostos, obtida pela divisão da soma dos tributos federais, estaduais e municipais arrecadados pelo Produto Interno Bruto (PIB).
Outro número que assusta é o de dias trabalhados durante o ano para pagar impostos. Segundo estimativa do IBPT, em 2006, o brasileiro deve trabalhar por 4 meses e 25 dias para pagar os tributos. Em 1970, trabalhava 2 meses e 16 dias exclusivamente para pagar impostos.
Em 2006, de acordo com o impostômetro do IBPT, o brasileiro já pagou mais de R$ 729 bilhões. São em média mais de 53 bilhões por mês ou R$ 90 milhões por hora. Dinheiro que vai para os cofres públicos e, em tese, deveria retornar para o povo em forma de obras e serviços.
O professor de Direito Tributário das Faculdades Jorge Amado, Robson Santana, explica que esse é o agravante da alta carga de impostos cobrados no país. O problema maior é que não existe o repasse, cobra, referindo-se aos devidos investimento em Saúde, Educação, Segurança Pública e moradia, por exemplo.
O especialista explica que as propostas de reformas tributárias contemplam medidas fundamentais para diminuir o impacto da carga tributária brasileira, a exemplo de simplificar a cobrança e diminuir a quantidade dos tributos, extinguir a cobrança sobre determinados serviços. Isso diminui o preço final e propicia o desenvolvimento econômico, completa.
Confira alguns dos produtos que estarão expostos no Feirão do Imposto e as respectivas cargas tributárias.
Detergente - 40,50%
Sabão em pó - 42,27%
Água sanitária - 37,84
Álcool - 43,28%
Vaso sanitário - 39,50%
Saco de cimento - 39,50%
Tijolo - 36,69%
TV 29 polegadas - 46,14%
DVD - 51,59%
Som - Micro System - 38%
Biscoito - 38,50%
Feijão - 16,54%
Sal - 29,48%
Farinha de trigo - 16,54%
Óleo - 32,14%
Leite longa vida - 13,75%
Achocolatado - 37,84%
Carne bovina - 18,67%
Frango - 18,00%
Refresco em pó - 38,32%
Cerveja - 56,00%
Água 1,5 litro - 45,11%
Cachaça 1 litro - 83,07%
Toalha banho - 36,33%
Cobertor - 37,41%