Enquanto a BenQ Siemens encolhia no Brasil, vendo sua participação de mercado despencar em apenas um ano, a Gradiente ganhava espaço na telefonia celular. A empresa brasileira foi uma das que mais lucraram com o enfraquecimento da concorrente no País. No final de 2005, a Gradiente tinha 6% do mercado de celulares. Agora, a participação da empresa subiu para 10%.
Ela ocupa o quinto lugar no ranking de vendas e se aproxima cada vez mais da coreana Samsung, hoje na quarta posição, segundo dados de mercado.A Gradiente renovou seu portfólio, baixou preços e conseguiu ser uma alternativa à falta de produtos da BenQ no mercado, diz Lúcio Domênico, gerente-geral da Gradiente Telecom.
O número chama atenção porque a Gradiente só voltou ao mercado de celulares no final de 2004, depois de cumprir a quarentena exigida pela venda de participação na sociedade com a Nokia, em julho de 2000. A Siemens já foi muito forte no passado, mas depois que a BenQ entrou no negócio deixamos de ver ofertas da Siemens com as operadoras, diz José Luís de Souza, consultor da Teleco. Ela era forte na venda de aparelhos baratos.
A empresa também se beneficiou de uma outra mudança importante no mercado, na opinião do diretor do Yankee Group para a América Latina, Luís Minoru Shibata. "As vendas de celulares neste ano migraram das operadoras para o varejo. E a Gradiente saiu ganhando, porque é uma empresa com muito traquejo nesse mundo. Atualmente, 7 em cada 10 celulares da Gradiente são vendidos no varejo tradicional.
Reviravolta - Além de Gradiente, Nokia e LG também avançaram nos últimos meses. A LG ocupa hoje a terceira posição no ranking e, segundo dados do mercado, se afasta mais da Samsung. A LG ficou mais agressiva nos aparelhos GSM e fez uma mudança importante no seu portfólio, diz um executivo do mercado.
O fracasso da operação da BenQ Siemens é sintomática de uma nova era. A disputa entre os fabricantes de aparelhos nunca foi tão intensa agora. Nokia e Motorola são os principais protagonistas dessa guerra. A finlandesa Nokia, que havia perdido a liderança no Brasil para a Motorola no ano passado, recuperou o primeiro lugar em julho deste ano, depois de baixar preços e fazer uma renovação no seu portfólio. A grande mudança ocorreu com a introdução de aparelhos dobráveis. "A Nokia demorou para se adaptar às mudanças. Ela acreditou que o mercado brasileiro fosse eternamente dominado por celulares de barra. Mas nas Américas, o dobrável é que faz sucesso, reconhece Almir Narcizo, vice-presidente da Nokia Brasil.
Hoje, 60% dos aparelhos da Nokia no País são dobráveis. A Motorola tem um plano mundial agressivo. A companhia quer atingir a liderança até 2008. No Brasil, a distância entre Nokia e Motorola é pequena, inferior a dois pontos porcentuais. No mundo, ela é de cerca de 10 pontos. A reviravolta da Motorola começou com o Razr V3, o celular mais vendido de todos os tempos - em dois anos, foram mais de 50 milhões de unidades no mundo. Em agosto, a companhia fez lançamento de dois novos modelos e aposta nessa dupla para continuar crescendo. Resta saber se eles provocarão o mesmo impacto do aparelho anterior.