Um dos pontos que tranqüilizam o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao controle da inflação é a perspectiva da maturação dos investimentos feitos até o momento já no próximo ano. "Com a economia crescendo e a produção não acompanhando, a inflação é inevitável", disse hoje, durante entrevista à TV Bloomberg. "Mas estamos fazendo muitos investimentos que vão resultar em oferta em 2009. Temos que dar tempo à maturação das coisas. Daí a minha tranqüilidade", continuou. Ele enfatizou que, enquanto fábricas não ficam prontas e começam a produzir, elas entram na conta como gasto, como demanda. "Se quiser mandar plantar feijão no Brasil, vou ter que esperar quatro meses para colher", comentou com outro exemplo.
O presidente afirmou que, desde 1975, o País não investia em infra-estrutura. "Hoje, mais de 5 mil municípios têm obras de infra-estrutura", reforçou. Para ele, os investimentos não estão restritos apenas às ações do governo mas há também muito capital privado, citando os setores automotivo e siderúrgico. "Se o Brasil vai crescer, precisamos de mais investimentos", alegou. "Para investidor que não quer ganhar dinheiro especulando, mas produzindo, o Brasil é um apetitoso canteiro de obras", convidou.
Lula disse ainda considerar a idéia da criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) como "genial". "Dei até os parabéns ao ministro (da Fazenda, Guido) Mantega". Ele lembrou que as reservas do fundo, no início, devem ser de aproximadamente R$ 14 bilhões, mas que não há limite de até onde chegará. "Vamos testando até ter a garantia de que o fundo é uma solução extraordinária para resolver problemas de investimentos no Brasil", considerou, acrescentando que os recursos deverão ser usados quando for verificada uma necessidade especial de grandes projetos. "Antes de as pessoas ficarem com apetite de gastar, vamos tirar isso aqui", disse, referindo-se ao recurso extra obtido pelo País.
O presidente evitou ser taxativo em relação à possibilidade de os recursos provenientes da futura produção do petróleo irem para o FSB, como aventou recentemente o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. "Não sei. Possivelmente, uma parte vá", previu.