A reviravolta dos mercados financeiros internacionais, desde a crise do crédito de alto risco (subprime) nos Estados Unidos e, ultimamente, com a disparada dos preços das matérias-primas (commodities), deve ser gerida com paciência, na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?Se pudesse dar conselho a alguém neste momento de nervosismo, seria o de paciência. Não há medida precipitada a ser tomada por ninguém?, afirmou, durante entrevista à TV Bloomberg. ?Temos que calibrar cada passo. Cada um cuidando do seu país, mas pensando no reflexo (que gera) para os demais?, continuou. Ele ressaltou que, recentemente, houve uma mudança no perfil das exportações brasileiras, com a fatia das vendas para os Estados Unidos menor hoje do que no passado.
Sobre a inflação, o presidente reafirmou que o governo não permitirá que ela volte. ?Por isso aumentamos o superávit primário em 0,5% (do PIB)?, indicou, referindo-se ao anúncio de uma poupança extra, feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no início deste mês, com o intuito de formar o Fundo Soberano do Brasil (FSB) - a medida, no entanto, ainda precisa passar pelo Congresso. ?Porque quando inflação vem, não prejudica o rico e nem o poder público. Prejudica o pobre, que vive de salário?, considerou. ?Já vivi inflação neste país de 80% ao mês. Já vi os efeitos de quem recebe salário apenas uma vez por mês?, lembrou.
Questionado sobre se controle da inflação caberia apenas ao Banco Central, Lula foi taxativo: ?(O BC) não vai ficar sozinho?, garantiu. Ele evitou, no entanto, sinalizar quais seriam os próximos passos do governo no combate à inflação. ?Em economia, não se pode dizer o que vai fazer. Vamos tomar várias medidas, algumas já foram anunciadas e seus efeitos vão demorar de cinco a seis meses para serem vistos?, explicou. ?Temos consciência de que vamos controlar a inflação. Não iremos brincar com a inflação?, acrescentou.