O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o Brasil não apresenta as mesmas condições econômicas de outros países da região que temem que as incertezas do mercado internacional afetem as taxas de crescimento de suas economias. Hoje, ele e outros presidentes de bancos centrais latino-americanos participaram da reunião com os maiores bancos centrais do mundo para debater a situação internacional no Banco de Compensações Internacionais (BIS, o BC dos bancos centrais). Meirelles, apesar das condições mais adversas dos mercados, negou que o Brasil País ter perdido a fase mais positiva da economia global na década para crescer.
Durante os dois dias de reuniões, uma das preocupações na mente de vários banqueiros centrais foi o impacto que a desaceleração da economia americana terá para a expansão da América Latina. Mas enquanto as autoridades monetárias da Argentina, México e Chile alertavam para possíveis problemas diante da desaceleração da economia americana, Meirelles garantia: no Brasil, as coisas são diferentes.
"Não há duvida de que muitos países estão preocupados. Mas esses são países mais dependentes dos Estados Unidos e contam com seus fundamentos menos equilibrados que o Brasil", disse, destacando que os efeitos da desaceleração na economia dos EUA não serão sentidos da mesma forma em toda a região.
"Existe claramente um efeito diferenciado na região e no mundo. O Brasil, apesar de um cenário de maior incerteza, tem todas as condições para continuar aumentando suas taxas de crescimento", afirmou Meirelles, ao sair de uma das reuniões na sede do BIS. Ele rejeita a avaliação de que o País tenha perdido o melhor momento da economia mundial para crescer. "O Brasil preparou-se para crescer de forma sustentada", disse.
Para ele, as turbulências das últimas semanas e a reação dos mercados no Brasil provaram que o País adotou uma estratégia "correta" para sua economia. "O fato concreto é que isso mostra que o Brasil está na direção correta", disse. "A avaliação demonstra o acerto da política econômica no Brasil", afirmou, insistindo que outros países que participaram da reunião do BIS também teriam apontado para os pontos positivos na política brasileira.
"O Brasil está com seus fundamentos muito mais sólidos, não só por força de suas reservas internacionais, mas também pelo saldo de conta corrente, saldo comercial, pela inflação na meta e pela relação cadente entre dívida e PIB. Tudo isso, somado à expansão da renda e emprego, dá condições ao Brasil ser menos dependente de outros países e da demanda internacional para crescer", explicou Meirelles.
O presidente do BC indicou que o País tem hoje "maior solidez que no passado" e que, portanto, estaria melhor preparado a turbulências que possam voltar a ocorrer nos mercados. Meirelles, que amanhã já estará em Brasília, avaliou que a reunião do BIS serviu para dar um "sinal de alerta" em relação à volatilidade e para "confirmar que o Brasil está prosseguindo na linha correta".
O presidente do BC ainda minimizou o fato de que governadores estejam pedindo maior ousadia do Banco Central no corte de juros. "Alguns governadores pediram (a ousadia), alguns acharam que o nível está adequado. Estamos abertos ao debate e à opinião de todos os agentes políticos, econômicos e sociais. Certamente levaremos isso em conta em nossas análises", concluiu.