A nova condição de credor externo - e não mais devedor - que o Brasil desfruta desde janeiro é só mais passo rumo ao grau de investimento (classificação concedida pela agências de classificação de risco de crédito), mas não será determinante, na opinião do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A avaliação foi feita no final da manhã de hoje, em Paris, onde a autoridade monetária participou de uma reunião com empresários europeus, a convite da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo Meirelles, o grau de investimento das agências internacionais se deverá ao conjunto de fundamentos da economia brasileira. "O investment grade não é (atribuído) por conta de um ou outro fator específico, mas é resultado de uma melhora global de fundamentos", disse o presidente. "Não será um ou outro índice que vai definir o investment grade. É o resultado de uma tendência do País."
Meirelles voltou a ressaltar os elementos que, no seu entender, contam a favor de uma nova classificação de riscos para o Brasil: dívida pública total líquida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) em queda, taxas de inflação dentro das metas, balança comercial sólida, setor externo competitivo e acúmulo de reservas, "que dá resistência a crises internacionais".
De acordo com o presidente do Banco Central, a economia segue crescendo, liderada pela demanda doméstica e pelo tripé aumento do emprego, da renda e do crédito. "O país está menos dependente da economia internacional", assegurou, destacando que o investimento vem crescendo "de uma forma importante".
QuestionamentoSobre a reunião com o grupo de 70 empresários - entre os quais franceses, espanhóis, alemães, suíços, dinamarqueses e norte-americanos -, Meirelles esclareceu que foi questionado sobre os fundamentos da economia e sobre eventuais gargalos de infra-estrutura. Também a resistência à instabilidade causada pela crise imobiliária nos Estados Unidos e na Europa foi tema de perguntas.
"A redução do ritmo de crescimento norte-americano afeta o mundo todo, mas o Brasil está em condições de sofrer um impacto muito menor do que no passado ou do que sofrem outros países", disse Meirelles. "Para simplificar a resposta, eu disse aos empresários que o crescimento que estimamos para o ano de 2007, de 5,2%, é 0,7% maior do que o previsto para 2008, de 4,5%".