Apesar da decisão da Bolívia de nacionalizar todas as operações de petróleo e gás no país, medida que prejudica diretamente a Petrobras, a estatal brasileira "continuará com foco na América Latina". A afirmação é do gerente executivo de Internacional Corporativo da empresa, Claudio Castejon, que participou hoje de workshop sobre a internacionalização
de companhias brasileiras, promovido pela Faculdade de Economia e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).
"É certeza que haverá perdas, mas vamos ver se dá para mitigá-las", disse ele. "Claramente, seremos mais seletivos na escolha do país", acrescentou, referindo-se não somente à Bolívia, mas também à recente revisão de contratos ocorrida na Venezuela. Segundo Castejon, a América Latina ainda conta "com mercados interessantes" e citou, como exemplo, a Colômbia.
Castejon garantiu que a Petrobras "não vai deixar o mercado brasileiro desabastecido" e lembrou que o prazo de seis meses apresentado pelo governo boliviano para renegociar contratos será utilizado para a busca de uma solução para o problema.
"À medida que o petróleo fica mais caro, é normal que a fome dos governos (para controlar a produção da commodity e seus derivados) aumente", disse ele. "E o preço do petróleo dificilmente vai baixar."
Sem entrar em detalhes, o executivo ressaltou ainda que a petrolífera brasileira sempre realiza ações na tentativa de prever e diminuir o impacto de medidas como essa, como a elaboração de programas de escalonamento e a adoção de planos de emergência. Castejon acrescentou que os novos investimentos da empresa na Bolívia foram interrompidos há cerca de oito meses, desde a sinalização de que decisões como a anunciada ontem poderiam vir a qualquer momento.
Segundo Castejon, a Petrobras vende 40 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, dos quais 25 milhões de metros cúbicos vêm da Bolívia. Somando petróleo e gás, o país vizinho responde por 20% da produção total internacional da estatal e por um terço das suas reservas internacionais.