O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pode decidir a qualquer momento se concede liberdade ao sócio-fundador do grupo Opportunity, Daniel Dantas, preso hoje pela Polícia Federal na Operação Satiagraha. Os advogados de Dantas haviam ingressado no STF, em junho, com um pedido de habeas-corpus preventivo diante do noticiário de que o empresário poderia ser alvo de uma operação da PF e hoje, com a prisão, solicitaram pressa na apreciação do pedido.
O habeas-corpus preventivo em favor de Dantas estava sendo relatado pelo ministro Eros Grau, mas, como o STF entrou em recesso, o pedido de liminar será julgado por Mendes, que está de plantão. O presidente do STF, em entrevista concedida hoje em solenidade no Conselho Nacional de Justiça, criticou a Operação Satiagraha. "De novo, é um quadro de espetacularização das prisões. Isso é evidente e dificilmente compatível com o estado de Direito", declarou Mendes.
Telecom ItaliaO vice-presidente da Telecom Italia para a América Latina, Carmelo Furci, disse por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil que Daniel Dantas e o megainvestidor Naji Nahas, também preso hoje pela PF, tiveram relacionamento com a Telecom Italia "em outra gestão". Nahas foi consultor da operadora e o Opportunity foi sócio da empresa na Brasil Telecom.
A empresa européia não comentará as prisões de Dantas e Nahas e nem as declarações do advogado de Dantas, Nélio Machado, sobre processo na Justiça italiana em relação à Telecom Italia. "É assunto de polícia", disse Furci, segundo a assessoria da operadora no Brasil.
O advogado de Dantas, durante entrevista coletiva à imprensa, disse hoje que seu cliente está sendo vítima de vingança e fez insinuações, embora tenha ressalvado que não poderia acusar ou fazer declarações peremptórias. Segundo Machado, "olhando em retrospectiva, uma possibilidade" é haver relação da prisão de Dantas com a Telecom Italia, que foi sócia do Opportunity. "Na Itália tem pessoas que foram seguranças da Telecom Italia e estão presas", disse.