A expansão de projetos do comércio de alto luxo na
Zona Sul de São Paulo aponta a tendência de prováveis pactos operacionais, contribuindo para a idéia da formalização de um bloco deste segmento de negócios na região. Informações de mercado dão conta, por exemplo, de uma possível negociação de parceria entre a Daslu e a JHSF. A eventual negociação incluiria a entrada da marca Daslu no Shopping Cidade Jardim, mas a JHSF diz que não comenta rumores.
Para o consultor da área de varejo da IBM Brasil, Alejandro Padron, a região demarcada entre as margens do Rio Pinheiros, avenidas Juscelino Kubitschek e Brigadeiro Faria Lima, constrói-se a exemplo da 5ª Avenida, em Nova York. "Esse pedaço é de altíssimo luxo. Vale mais a pena estar nesse núcleo de consumo que em área distante ou em outras capitais", diz.
Na avaliação do coordenador-geral do Programa de Administração do Varejo (Provar), Claudio Felisoni, é inevitável a consolidação da área como um pólo para esse tipo de investimento. "Ela é um centro de atração em função da alta renda da região, o que explica o interesse. É natural que ocorra a concentração desse modelo de empreendimento", aponta. Para o diretor-presidente da MCF Consultoria, Carlos Ferreirinha, essa movimentação, porém, não deveria ocorrer nem mesmo com o maior amadurecimento do segmento no País.
Expansão econômica - A aposta em shopping de luxo indica o potencial desse mercado no Brasil, impulsionado pela abertura e estabilidade da economia, a partir dos anos 90, principalmente em São Paulo. De acordo com dados da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a classe A, com renda acima de 30 salários mínimos mensais, responde por 43% (em valores) das compras de roupas femininas do município de São Paulo. No consumo de jóias, a participação é de 41,3%. Os porcentuais ficam bastante acima da média consumida por essa mesma classe no Brasil - 22,7% e 27,6% do total consumido em roupas femininas e jóias, respectivamente.
De acordo com a MCF Consultoria, o mercado brasileiro de luxo cresceu 32% em 2006, alcançando US$ 3,9 bilhões, na comparação com 2005. O Provar cita, porém, que apesar da expansão da renda da população, ainda um pouco mais de 100 mil brasileiros possuem rendimento mensal superior a R$ 50 mil. Para os consumidores eventuais desse mercado, seria necessária renda acima de R$ 15 mil.