Após liberação das vendas, operadora foca no Dia dos Pais
A queda de ligação no plano Infinity da operadora TIM é uma coisa tão normal para a estudante Thais Gomes, 22 anos, que ela tem certeza da existência de algum contador de tempo para limitar as ligações. "Teve uma época em que as ligações caiam sempre com um determinado tempo", lembra a usuária do plano pré-pago há um ano. Certezas do tipo ganharam força entre consumidores da operadora na última semana, depois que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicou um relatório indicando um volume de ligações derrubadas pela operadora quatro vezes maior quando o plano do usuário prevê um valor fixo na tarifa por ligação efetuada.
Apesar da insatisfação com a queda, Thais reconhece que nunca pensou em reclamar formalmente do problema. "São R$ 0,25. É pouco, você gasta, mas não dá para dizer que causou algum tipo de prejuízo", explica a jovem. Entretanto, a postura recomendada para o consumidor é a de reclamar, ainda que o prejuízo individual seja pequeno, diz o coordenador técnico do Procon, Alan Silva. "Individualmente, o consumidor não tem como provar nada, entretanto, se ele formaliza a reclamação e outros fazem o mesmo, os órgãos de proteção, como o Procon, têm argumentos para investigar", explica Silva.
O coordenador técnico do Procon ainda ressalva para os consumidores que o relatório da Anatel não prova que a operadora cometeu uma conduta abusiva. "O relatório indica uma situação que precisa ser verificada e isso depende de uma postura do cidadão, no sentido de registrar a queixa, mesmo que o prejuízo individual lhe pareça pequeno", destaca Alan Silva.
Cabe ação coletiva - Para o advogado especialista em direito do consumidor, Sérgio Schlang Alves, as derrubadas de ligações representam os "casos típicos" que deveriam levar o Ministério Público (MP) a abrir ações coletivas. "É possível que o consumidor provoque o (MP), mas dificilmente isso vai acontecer porque representa um pequeno prejuízo do ponto de vista individual. O consumidor sabe que está sendo lesado, mas não se interessa a se deslocar e perder tempo na Justiça por conta disso", diz.
Para a estudante de direito, Paloma Calazans, de 20 anos, o consumidor tem muito a reclamar em relação à qualidade da telefonia. E os problemas, acredita, não se restringem à TIM. "Tenho um chip de outra operadora, que fez uma promoção de ligações ilimitadas e tive o mesmo problema", lembra.
Em texto enviado pela assessoria de imprensa, o vice-presidente de Assuntos Regulatórios e Institucionais da Tim, Mário Girasole, contesta as acusações de quedas nas ligações provocadas pela operadora de telefonia. "Temos que fazer uma distinção extremamente clara. Não estamos falando de qualidade do negócio, mas de ética do negócio, onde qualquer suspeita decorrendo da análise superficial e conclusões infundadas, é simplesmente inadmissível. Foi o nome da nossa empresa que foi questionado", ressaltou o diretor.