Um ano e oito meses depois de assumir o comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o ministro Moreira Franco conseguiu nomear seu indicado para a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O economista Marcelo Cortes Neri tomou posse nesta quarta-feira em substituição a Márcio Pochmann, que deixou o posto, assumido em 2007, para se candidatar à prefeitura de Campinas pelo PT. O instituto estava sob a presidência interina de Vanessa Petrelli, nome ligado a Pochmann, desde junho.
O cargo era motivo de disputa política entre o ministro Moreira Franco e o PT. Moreira Franco, segundo interlocutores do ministro, tinha críticas à administração do petista no Ipea, alegando que o instituto era usado para fazer pesquisas de apoio ao crescimento da máquina e dos gastos do Estado, além de suspeitas de aparelhamento político-partidário.
Economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Cortes Neri tomou posse pregando união. "O principal desafio é unir a instituição em torno do objetivo de contribuir para as políticas públicas diretamente", discursou Neri, ao lado do ministro Moreira Franco e da até então interina Vanessa Petrelli.
Avaliação
Neri fez uma avaliação positiva do crescimento do País com a redução da pobreza. "O Brasil tem conciliado crescimento com a redução da desigualdade. Essa combinação reflete o modelo de desenvolvimento. O País cresce, distribuindo renda e com democracia", disse.
O novo presidente do Ipea elogiou as ações da presidente Dilma Rousseff, ressaltando as dirigidas à infância, como o programa Brasil Carinhoso, responsável, segundo ele, pela queda expressiva nos índices de pobreza. "Nos últimos dez anos, a mortalidade infantil caiu 46%. Não tem nada mais importante para o futuro do País do que os seus filhos", afirmou.
O economista elegeu a área da educação como principal tema de políticas públicas para o País. "A qualidade da educação tem muito a melhorar". Sobre as críticas ao sistema de cotas, Neri afirmou que esse sistema foi uma escolha da sociedade brasileira e que "já está havendo uma melhoria dos grupos excluídos". Segundo o economista, o instituto pode contribuir para avaliar o sistema de cotas, verificar se os objetivos estão sendo atingidos e sugerir medidas que podem ser adotadas para melhorar o sistema.
A posse foi acompanhada pelos ministros da Previdência, Garibaldi Alves Filho, do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, do Gabinete de Segurança Institucional, General José Elito, e pelo interino do Ministério da Indústria e Comércio, Alessandro Teixeira.