Bahia exportou 909 mil toneladas de soja para a China no 1º semestre
Principal destino das exportações baianas, a China foi nesta segunda-feira, 24, o centro das atenções do setor de commodities do estado. A desvalorização da moeda chinesa (yuan), derrubando as bolsas de valores em todo o mundo, foi acompanhada pelas indústrias e empresas produtoras de celulose, cobre, níquel, soja e algodão, que são atualmente os mais exportados pela Bahia para o país asiático.
No caso do Polo de Camaçari os impactos não são diretos, mas indiretamente já que a maior parte do complexo baiano vende produtos básicos para indústrias de transformação de outros estados que exportam para a China. É o que explica o superintendente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira. "Por outro lado, o complexo reúne empresas multinacionais sujeitas ao mercado internacional, hoje muito dependente da economia chinesa, num contexto de retração econômica mundial", frisou Pereira.
"Ao desvalorizar o yuan, o governo chinês quer estimular as exportações como forma de alcançar as projeções de crescimento de 7%", afirmou o economista Arthur Cruz, coordenador de Comércio Exterior da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
Cruz ressalta que a China, que já chegou a registrar crescimento de dois dígitos no PIB, agora busca com a desvalorização da sua moeda baratear os preços dos produtos no mercado internacional, ao mesmo tempo em que encarece o valor das exportações para o país. Pelos dados da SEI, hoje 27,1% do total das exportações baianas vão para China, que ocupa o primeiro lugar no ranking. O segundo lugar, a Argentina, responde por 10,4%.
Preços
Antes mesmo da desvalorização cambial chinesa, conforme explicou Cruz, os impactos da desaceleração da economia daquele país - aliada à retração na Zona do Euro, agravada pela crise grega - já respondiam pela queda generalizada de 16,3% nos preços das exportações baianas, registradas no primeiro semestre deste ano.
Considerando os itens da pauta, o preço da soja foi um dos mais caíram (26%), com quedas significativas também para o algodão (17%) e celulose (15%) - sendo esta última o principal item exportado para o país, respondendo por 35% do total exportado pela Bahia para a China, segundo a SEI.
No caso da soja e do algodão, as eventuais perdas com a queda dos preços até então estavam sendo compensadas pelo aumento da quantidade exportada, consequência da desvalorização do real frente ao dólar, que ampliou a competitividade dos produtos nacionais no mercado externo.
"Qualquer mudança na economia da China nos afeta diretamente, pois é o principal destino das nossas exportações", ressaltou o diretor de projetos e pesquisa em agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Ernani Sabai.
Os registros da entidade revelam que, até então, as exportações baianas de soja para a China vinham numa tendência de crescimento: em 2012, representavam 36% do total exportado do produto; e, em 2013, 59,3% na comparação entre o primeiro semestre de 2015, com o mesmo período em 2014, já se nota o efeito da queda dos preços, mesmo com o aumento da quantidade exportada: enquanto de janeiro a julho de 2014 foram exportadas 805 mil toneladas, representando 61,8% do total de soja exportado, com rendimento de, aproximadamente, US$ 415 milhões.
Este ano, no mesmo período, foram exportadas 909 mil toneladas (70,4% do total), rendendo menos para os produtores baianos: US$ 351 milhões.