Unidade deve encerrar o ano com um faturamento de R$ 300 milhões
A notícia das negociações para a venda do controle acionário do Hospital da Bahia, em Salvador, para o fundo chinês Fosun agitou o mercado baiano nesta quarta-feira, 5.
O superintendente-executivo e sócio da instituição, o médico Marcelo Zollinger, entretanto, desconversou e assegurou que, até o momento, o valor de R$ 1 bilhão do negócio, que chegou a ser divulgado pela imprensa, "não passa de mera especulação", como frisou.
"Até agora, não temos nenhuma proposta concreta na mesa", afirmou Zollinger. "Não vendemos nada ainda e, se fecharmos o negócio, não iremos vender tudo", completou.
O empresário, por outro lado, confirmou o interesse dos chineses na compra do hospital, principalmente depois de duas visitas feitas à instituição este ano. De acordo com o médico e empresário baiano, a intenção inicial dos atuais sócios era de ter os chineses como parceiros, não majoritários, para um projeto ambicioso de aquisição de mais unidades hospitalares privadas no estado, para formar uma rede que siga o mesmo padrão de gestão do Hospital da Bahia, considerada referência em resultados.
Números atraem
Mesmo em meio à crise no país, o faturamento do hospital baiano cresceu 37% em 2015, chegando a R$ 195 milhões, valor que deve subir para R$ 300 milhões até o final de 2016.
Mais: a previsão é de maior expansão dos resultados a partir da entrada em operação, em janeiro do ano que vem, de uma torre anexa, de 19 andares, que vai ampliar o número de leitos do hospital: de 270 atuais para mais de 500.
Os números do balanço da instituição, divulgados em relatório internacional da consultoria Ernst Young, teriam, segundo Zollinger, despertado o interesse dos chineses, sobretudo, depois da aprovação de lei, em janeiro de 2015, que permitiu a participação de capital estrangeiro nos hospitais.
Antes do Fosun, as redes Amil e D'Or também tentaram comprar o Hospital da Bahia. "Ainda bem que não deu certo à época, pois agora crescemos ainda mais, agregando mais valor para concretizar nossos planos", frisou Zollinger.
Nesta quarta, ele e o cardiologista Jadelson Andrade - que junto com Lilliam Tombo são os outros sócios do hospital - reuniram a equipe de coordenadores médicos "para explicar a especulação", como salientou. "Essa história da venda do hospital ainda não tem nada de concreto, mas, por outro lado, deve ser recebida com satisfação, pois nos orgulha como instituição baiana por, depois de vencer dificuldades iniciais, hoje despertar o interesse de grandes grupos estrangeiros de investimentos", afirmou Zollinger.
"Não somos do tipo que pensa em pegar o dinheiro da primeira proposta que surge e sair para curtir praia, pois o nosso maior interesse mesmo é continuar trabalhando, para multiplicar o modelo de gestão do Hospital da Bahia, formando um novo grupo de excelência", disse o gestor, tentando tranquilizar a equipe.
Espanhol
O mercado também já cogitava nesta quarta que o Hospital Espanhol, desativado desde 2014, estaria entre os planos de expansão previstos com a entrada de fundos estrangeiros no negócio - mesmo que os sócios baianos acabem cedendo o controle acionário. A transação seria a primeira venda de um hospital baiano a um fundo investidor.
Com ativos de mais de US$ 60 bilhões, o fundo chinês Fosun é um dos maiores conglomerados de investimentos do mundo. O grupo começou a operar no Brasil em julho, a partir da compra da gestora Rio Bravo.