Samuel Lima | slima@grupoatarde.com.br | Foto: Felipe Oliveira | Divulgação | EC Bahia
Caso Fernandão vire uma opção, Enderson Moreira colocaria Gilberto na função de extremo? Duvido
Na coluna publicada na edição de ontem, o mestre Tostão falou que o futebol passa agora por um momento no qual as duplas de ataque estão sendo resgatadas. Lembrei logo da parceria entre Nonato e Robson, o Robgol, que deu muitas alegrias à massa tricolor em 2001 e 2002.
Com atuações afinadas deste dueto lá na frente, o Bahia conquistou o bicampeonato do Nordestão, o Campeonato Baiano de 2001 e chegou às quartas de final da Série A de 2001. Só para se ter uma ideia do poder ofensivo da dupla, vale lembrar que Nonato e Robson marcaram 36 dos 78 gol anotados pelo Esquadrão nas edições do Brasileirão de 2001 e 2002 – foram 19 tentos de Nonato e 17 de Robgol.
Curiosamente, eles só brocaram na mesma partida em três oportunidades nesse biênio na primeira divisão nacional – triunfos de 5 a 3 sobre o Atlético-MG, 2 a 1 diante da Ponte Preta e 4 a 2 contra o Vasco, todos em 2002 e na Fonte Nova. Mas um jogo inesquecível deles foi o clássico contra o maior rival pela fase de classificação do Nordestão de 18 anos atrás – triunfo de 4 a 1, com dois gols cada.
Esta referência de sucesso, de quase duas décadas atrás, só faz crescer a vontade do torcedor azul, vermelho e branco de ver o retorno do atacante Fernandão se concretizar. Isso porque o grandalhão de 1,92 m, que caiu nas graças da torcida quando, na sua curta passagem, em 2013, fez 15 gols no Brasileirão daquele ano, pode agregar seu poder de fogo ao de Gilberto.
No Esquadrão de Aço, o ex-são-paulino virou titular absoluto desde que chegou, no segundo semestre de 2018. Ele anotou nove gols, oito no Campeonato Brasileiro e um na Copa Sul-Americana. Mas será que, caso Fernandão seja mesmo confirmado como reforço, o técnico Enderson Moreira toparia escalar os dois juntos numa formação inicial?
Pelo esquema de jogo que o treinador costuma adotar, tudo indica que não. Enderson não abre mão dos extremos, aqueles atletas velozes que atacam e retornam para a recomposição defensiva. No caso de Fernandão virar uma opção, o técnico colocaria Gilberto para exercer a função de extremo? Duvido.
Ele até tem mais mobilidade do que Fernandão, mas não o vejo como um jogador ágil para executar as transições como Elber e Artur, os escalados no jogo de ontem. Para não discorrer aqui em cima de uma hipótese (afinal, a contratação de Fernandão não foi confirmada), prefiro recordar que Evaristo de Macedo, em 2001, conseguiu montar uma ótima dupla, mesmo Robson e Nonato tendo características de atuar mais fixos.
Apesar de Robgol ser mais alto (1,86 m, contra 1,76 m de Nonato), ele foi o escolhido para atuar pelo lado direito, por ter mais técnica. A decisão apurou o faro de gol do paraense. Nonato surgiu como um jogador arisco, mas ganhou peso e teve que virar um homem de área. Mudança que a torcida tricolor agradece.