A Arena Fonte Nova foi palco dos jogos do Mundial de 2014
O evento esportivo mais esperado do estado nesse início de ano foi uma verdadeira decepção. O Ba-Vi do último domingo, 3, chegou a ser bem disputado e teve belos gols, um para cada lado. O problema, contudo, foi o sofrimento que boa parte dos tricolores - já que era uma partida de torcida única - passou para entrar na Arena Fonte Nova.
Como amante do futebol, não poderia ficar fora de evento tão importante. Para evitar o fluxo mais pesado de torcedores que deixam para entrar na praça esportiva perto de a bola rolar, terminei de subir parte da Ladeira da Fonte das Pedras às 16h20, quando faltavam 40 minutos para o início do clássico, válido pela terceira rodada da Copa do Nordeste.
Mesmo assim, uma fila gigantesca me esperava logo após a primeira escada que dá acesso ao estacionamento e aos portões de entrada dos setores conhecidos como Leste e Norte. Porém, surgiu um pensamento de alívio: "Basta passar pela revista da polícia que está tudo certo". Dez minutos depois, superei o primeiro 'obstáculo' com minha galera, que já estava reduzida a quatro pessoas após tamanha aglomeração.
Confusão inesperada
Em jogos na Fonte Nova, é comum que haja fila para passar pela abordagem policial, algo extremamente importante em eventos de grande porte como partidas de futebol. Depois, basta registrar o ingresso na catraca e 'correr para o abraço' na arquibancada, sem demora. No último domingo, no entanto, houve uma dificuldade ainda maior para passar pela borboleta da praça esportiva. As grades que formam filas organizadas e facilitam o fluxo não estavam no local. Era o cenário perfeito para empurra-empurra e confusões.
A partir das 16h55, a cinco minutos do início do jogo, os torcedores ficaram impacientes. Em um primeiro momento, dois rapazes tentaram furar a fila, que nem existia de tão desorganizada que estava a situação. Outros tricolores, claro, controlaram o ímpeto dos 'apressados'. Quando o relógio marcou 17h, horário do início do jogo, tudo piorou: muitas vaias e reclamações. Além disso, quem estava atrás tentava furar o imenso amontoado de pessoas, e o caos estava formado.
Para ficar mais nítido, cada uma das áreas de acesso desses setores possui quatro catracas. Porém, quando cheguei perto, uma delas quebrou e tudo ficou pior: pessoas sendo espremidas, crianças assustadas e chorando, turistas surpresos e decepcionados. Naquele momento, a única maneira de facilitar o fluxo seria parar de registrar os ingressos. Foi o que aconteceu.
Mesmo assim, por causa de um empurrão, ainda bati a perna em um ferro, e tive que procurar um lugar na arquibancada enquanto mancava com a dor. Antes, presenciei um rapaz ajudando um pai que estava com dois filhos no meio de toda confusão. Que bom que boas pessoas surgem nas piores situações!
Setor Leste da Arena Fonte Nova é o que fica exposto ao sol em jogos durante a tarde (FOTO: Felipe Oliveira | EC Bahia)
O aperto continua
Na nova Fonte, os setores mais procurados pelos torcedores são os Leste e Norte. E, quando boa parte das entradas é vendida, como no último Ba-Vi, fica difícil encontrar um lugar para acompanhar o jogo nessa área. Muitos torcedores ficam em pé porque não sabem onde achar espaço para sentar. Depois de andar por todo anel inferior do estádio à procura de um espaço para ver o jogo, tive que acompanhar a primeira etapa (a partir do minuto 15) no nível intermediário, em pé. No intervalo, encontrei uma área vazia para assistir o restante da partida sentado.
Em nota, a Arena Fonte Nova "esclarece que, durante o clássico entre Bahia X Vitória, nesse domingo (03/02), todas as catracas de acesso funcionaram normalmente. O número de equipamentos atende ao fluxo previsto de cada setor. As filas que se formaram poucos minutos antes do horário de início da partida foram motivadas pelo grande fluxo de torcedores, que acessam a Arena próximo ao horário de início do jogo, embora os portões sejam abertos com antecedência. A Arena Fonte Nova reitera a orientação para que os torcedores procurem acessar o estádio com maior antecedência, evitando tumulto, sobretudo nas partidas de grande fluxo. Contudo, a Arena Fonte Nova informa que avalia de forma constante seus processos, em conjunto com o Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE), da Polícia Militar.
Soluções que podem ajudar
Mesmo com a resposta da Arena, deixo conselhos que podem ser úteis. Dentro do estádio, se houvesse um maior número de funcionários para explicar aos torcedores como encontrar lugares ainda vazios, o problema da distribuição na arquibancada seria facilmente resolvido. Afinal, os ingressos vendidos estão dentro da capacidade de cada setor.
Sobre o problema para entrar na praça esportiva, não ocorre apenas porque o fluxo é mais intenso perto do início do jogo. Levei quase uma hora para entrar no estádio. Por isso, entendo que os setores Leste e Norte parecem necessitar de mais espaços com catracas. Isso pode evitar que algo grave aconteça em jogos com mais de 40 mil torcedores, pois reduziria o fluxo consideravelmente.
Algo precisa ser feito para mudar um cenário tão insuportável. O problema do último Ba-Vi é algo corriqueiro em jogos com grande público no estádio que foi palco de partidas da Copa do Mundo 2014. Isso tem que acabar.