José Raimundo Silveira | olharrubronegro@gmail.com | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Carlos Amadeu teve a lucidez de reconhecer a necessidade da obtenção de resultados imediatos
Tal qual um cachorro tentando morder o próprio rabo, o Vitória gira em torno de si mesmo e não sai do lugar. Como esperado, Osmar Loss não resistiu ao péssimo momento e foi demitido. Uma queda que era questão de tempo.
Lá vamos, então, para o quarto treinador da temporada, média de menos de dois meses no cargo para cada profissional. Claro que no mundo ideal o desejado é que o treinador tenha ao menos o médio prazo para dar cara ao time. Mas, logo na apresentação, Carlos Amadeu teve a lucidez de reconhecer a necessidade da obtenção de resultados imediatos, tanto para a recuperação do Leão na Série B como para a manutenção.
Nessa mesma apresentação de Amadeu, o presidente Paulo Carneiro fez uma espécie de desabafo, ao comentar a saída de Loss. Demonstrou contrariedade com a demissão, ressaltando que o treinador era queridíssimo pelos jogadores e um dos cinco melhores profissionais do ramo com quem trabalhou.
Defendeu que um técnico só deveria ser demitido se perdesse o comando do elenco ou se tivesse resultados catastróficos. Pois bem, estamos nas últimas colocações de uma das edições de Série B com nível técnico mais baixo dos últimos tempos. Fico a me perguntar o que seria mais desastroso.
O erro não foi demitir Loss, mas demorar tanto tempo, incluindo a parada de um mês da Copa América, para procurar outro profissional com perfil mais adequado para liderar o Vitória na busca do objetivo realista de 2019: evitar o rebaixamento. Honestamente, nem tenho a convicção de que Amadeu possua esse perfil. Assim como Loss, a experiência mais bem sucedida é com a formação de atletas, ou seja, em prazo mais longo. A vantagem é o largo conhecimento da cultura do clube, pelo longo tempo que tem de casa. Além disso, tem o DNA rubro-negro e a simpatia de boa parte da torcida.
Talvez a primeira luta de Amadeu seja estancar a sangria que é a defesa do Vitória. O time não para de levar gols. Nas 14 partidas até aqui, só não foi vazado uma vez, nos 2 a 0 sobre o Criciúma. Trata-se de um mal crônico do Vitória, repetidamente figurando na posição de uma das piores defesas do Campeonato Brasileiro, independentemente da divisão.
Fechando a casinha, talvez o time suba na tabela. Caso houvesse ao menos empatado três dos nove jogos que perdeu, não estaria nessa condição.
Apesar de estar na última colocação, há chance de o Vitória deixar o famigerado Z-4 já ao final dessa rodada. Para isso, naturalmente, tem que vencer o Paraná, amanhã, no Barradão. Se fizer sua parte, torce por tropeços do São Bento, Guarani e Criciúma. Os três jogam fora de casa. Mas vejo nesse ponto uma ânsia desmedida. Claro que é importante sair logo da zona maldita, até mesmo pela pressão psicológica que é ficar lá embaixo, só que o preponderante é aparecer fora do grupo dos quatro últimos na rodada 38, a derradeira.
Temos longo caminho até a salvação, deixando de lado questões menores como picuinhas com o governo, a imprensa e o rival, mesmo que estes destinem ao clube tratamento ruim. Sair do buraco é o que importa – e toda energia deve ser concentrada nisso.
Saudações Rubro-Negras, hoje e sempre!