José Raimundo Silveira | olharrubronegro@gmail.com | Foto: Divulgação | EC Vitória
Força física, aliada ao bom domínio e poder de finalização. Características apresentadas por Jordy Caicedo
As muitas variantes que envolvem o futebol tornam o jogo complexo. A adaptação de um jogador a um novo time representa bem tal complexidade. São diversas barreiras no caminho até que ele se encaixe na engrenagem desse esporte coletivo. O novato tem que se adequar ao novo ambiente, ser bem recebido pelos colegas de equipe e entrosar-se com eles, entender a filosofia de jogo do treinador e ganhar a confiança da torcida.
Pensando bem, a chance de dar errado é maior que a de funcionar de cara. Para a coisa andar, em tese, é preciso tempo. Porém, vez por outra, surgem exceções que chamam a atenção. Parece ser o caso do equatoriano Jordy Caicedo.
Como se fala no jargão do mundo da bola, o cara ‘chegou chegando’. Pediu passagem, ganhou vaga de titular e representa, talvez, a maior esperança de recuperação do Vitória na Série B. Em dois jogos, sendo um na titularidade e outro entrando após substituição, mostrou serviço e cavou lugar na equipe. Já deixou um gol, criou oportunidades e, acima de tudo, demonstrou conhecer do assunto. O camarada é bola.
Além de todas as dificuldades elencadas no início do texto, o atacante teria contra a rápida adaptação dois fatores adicionais: a juventude e o idioma. Mas não teve tempo ruim. A pouca experiência não representou problema algum. Da mesma forma, o fato de ser estrangeiro também não causou empecilho. O bom futebol suplantou o pouquíssimo tempo de clube e país novos. Valeu mais a linguagem universal da bola.
Piadinhas
Nem houve oportunidade para piadinhas infames com o sobrenome, estranho aos nossos ouvidos. O triunfo sobre o Paraná, com gol dele, evitou que ouvíssemos asneiras como ‘o Vitória vai cair mais cedo’. Normal se a brincadeira viesse de torcedores rivais, naquela resenha gostosa que marca o esporte; estranho quando parte de certos segmentos da imprensa.
Força física, aliada ao bom domínio e poder de finalização. Características apresentadas por Caicedo que o aproximam de outro estrangeiro que rapidamente adaptou-se ao rubro-negro. Quando chegou ao clube, em 1997, Petkovic veio suprir a lacuna deixada pelo tetracampeão mundial Bebeto.
Este último era capitão, destaque e artilheiro do time, mas saiu de forma abrupta, retornando à Espanha. Pois o sérvio, então reserva do Real Madrid, largou metendo gol nos dois primeiros jogos, ambos pela Série A (2 a 2 com o União São João; 3 a 1 contra o Atlético Paranaense), mostrando a que veio. Virou ídolo, algo que o equatoriano tem potencial para ser, se continuar nessa pegada.
Até lá, o caminho é longo e passa pela recuperação na Série B. Sim, ainda estamos na zona de rebaixamento. Mas o horizonte se mostra menos nebuloso que antes da parada da Copa América. Temos uma sequência que pode ser promissora para subir na tabela. Pontuar em Maceió, contra o CRB, é plenamente viável, a despeito da boa campanha dos alagoanos.
Depois, serão duas partidas seguidas em casa, daquelas em que o triunfo é imposição: América Mineiro e Operário. O turno será finalizado com o tipo de jogo desafiador, que pode representar a confirmação de um novo momento. Será contra o Coritiba, fora de casa. Vamos em frente.
Saudações Rubro-Negras, hoje e sempre!