É bom escrever logo, antes que a psicodelia da festa da virada de ano comece a bater. Bons votos, renovação de energias, simpatias, mandinga... Muita gente que no resto do ano crava o pé no chão quando chega perto do réveillon começa a querer saber da posição dos astros, do segredo das estrelas, da busca do nirvana e sei lá o que mais.
Os verdadeiramente espertos, porém, se quiserem um ano melhor do que o que passou, começam a se planejar cedo. Essa é a regra para quem trabalha com gestão de futebol. Amanhã, primeiro dia de 2020, já é muito tarde para pensar no que fazer para a próxima temporada.
É por isso que Bahia e Vitória se movimentam no mercado desde os últimos meses de 2019. E ambos fizeram ações interessantes, embora ainda falte muita coisa para a formação de times consistentes na busca por suas respectivas metas.
Baseado numa avaliação do que cada time precisa para poder considerar seu 2020 um sucesso, fiz uma pré-montagem dos times para o início do ano – ambos estreiam só no fim de janeiro, pela Copa do Nordeste, já que no Baianão vão usar ‘equipe B’.
Ponto crucial na minha análise são as interrogações. Usei-as para marcar as posições/funções em que enxergo ainda necessidade de reforços para que os times possam funcionar minimamente bem.
No gol, o tricolor Douglas e o rubro-negro Martín Rodríguez mantêm com tranquilidade a condição de titulares, embora eu considere que o Bahia poderia ter um arqueiro mais seguro e técnico.
Nas laterais, apesar das críticas de muitos a Moisés, não vejo motivo para mudanças. Os tricolores, assim como o rubro-negro Van, têm bom potencial de evolução e defeitos normais para o nível dos times – e até mesmo para o nível dos jogadores da posição no Brasil.
O problema começa para a dupla Ba-Vi na zaga/saída de bola. Com Juninho na função de beque vigoroso, o Bahia precisaria de um atleta mais técnico ao lado, melhor que Wanderson e Lucas Fonseca, para iniciar as jogadas juntamente a um primeiro meio-campista. Este pode até ser Gregore, mas, para uma evolução considerável, não posso ignorar a necessidade de se ter um volante com melhor passe e dinâmica por ali. Já o Vitória conta com o experiente Maurício Ramos – de qualidade questionável, mas talvez suficiente para a Série B – e outros zagueiros muito jovens, ainda não testados, além do limitado Romisson como única opção à frente deles. Precisa contratar.
Trabalhando com dois armadores lado a lado, no caso Daniel e Jadson (ou um Jean Mota, se vier), o Bahia pode crescer no objetivo de ser um time com mais posse de bola. Em 2019, caiu no samba de uma nota só de apenas explorar a velocidade dos contra-ataques. Mas faltavam alternativas, já que não havia qualidade no meio-campo e os atacantes de lado tinham a rapidez como maior qualidade.
Agora, com Clayson, o Tricolor tem a chance de ganhar um pouco mais de trabalho com a bola também no ataque. Bom nos dribles, mas menos incisivo que Artur, o ponta ex-Corinthians tem potencial para dar maior estabilidade à equipe. Aí, do outro lado o Esquadrão precisará de profundidade e rapidez. Pode até ser com Élber, mas o ideal era encontrar alguém melhor.
Já o Vitória promete usar bem a base. Daí podem surgir esperanças de preencher as várias lacunas que o elenco ainda tem do meio para a frente. Por enquanto, só deu para escalar como titulares os recém-contratados Gérson Magrão (talvez sirva para uma Série B, mas tenho lá minhas dúvidas) e Alisson Farias. De resto, há somente incógnitas.
É normal começar o ano com incertezas. E, em todo o caso, o torcedor sempre pode apelar para o velho pulinho de onda. Vai que adianta...