Não se passaram nem dois meses desde aquela quarta-feira, dia 22 de janeiro, quando dávamos um fim naquela nossa saudade de todos os anos, inquietante e ao mesmo tempo gostosa, de ver o nosso Esquadrão em campo. Com o grupo de transição, o Bahia empatava com a Juazeirense. Naquele momento, quando ainda estávamos nos preparando para uma longa e promissora maratona de jogos pelas cinco competições de 2020, jamais passaria pelas nossas mentes que agora, em março, voltaríamos a lidar com a abstinência, em decorrência da extremamente necessária e fundamental paralisação do futebol não só no Brasil, mas em escala mundial, como colaboração para a contenção da pandemia do coronavírus.
Essa parada é muito mais inquietante do que aquelas que já estamos acostumados, por todas as incertezas que ela carrega, a começar por não ser possível prever quando será encerrada. Ser causada por uma situação alheia ao futebol, relacionada à saúde, algo muito mais relevante, a torna ainda mais angustiante.
Nesse momento, cada colaboração é necessária. Que cuidemos uns dos outros para que passemos bem por essa situação. Quando o principal, que é a saúde de todos, estiver em condições normais, que possamos ver o nosso Tricolor em campo o mais breve possível.
É bom lembrar que ninguém tem o direito de assumir riscos desnecessários porque as consequências dos nossos atos não são individuais. Que sejamos vigilantes e reprovemos atitudes que prejudiquem o esforço coletivo, como aprendemos a ser quando flagramos alguém atirando um objeto dentro do gramado da Fonte, por exemplo, já que as conseqüências são compartilhadas por todos.
Assim como devemos cuidar uns dos outros, temos a importante missão de dar suporte ao Tricolor, não o deixando na mão nesse momento de incertezas e de dificuldades que possam surgir com possível queda na receita. Que o apoio com o programa de sócios seja encarado, como já é, mais como prova do amor incondicional do que como uma eventual compra de benefícios. Acredito na nossa força.
Aos jogadores que vestem a camisa tricolor, fica a nossa torcida para que cuidem ao máximo de vocês e das respectivas famílias, e estejam preparados para voltar com tudo no futuro para comemorarmos juntos uma temporada feliz, como ela se desenhava antes da paralisação.
Nesses pouco menos de dois meses de bola rolando em 2020, o Bahia passou por decepções, mas vinha em crescimento. O primeiro indício foi a classificação para a segunda fase da Sul-Americana, após as duas melhores atuações no ano, com triunfos sobre o Nacional do Paraguai.
As boas campanhas na Copa do Nordeste e no Baiano comprovam. A vaga garantida para a segunda fase do regional, com uma rodada de antecedência, e a liderança do estadual mostram consistência. No desempenho, ainda há margem para melhora, mas grandes atuações individuais geram otimismo. Destaco, por exemplo, Élber, Rossi, Juninho Capixaba e Flávio. E as primeiras mostras do talento de Rodriguinho reforçam a expectativa positiva sobre sua chegada.
Bahia, e futebol, dure o tempo que for necessário essa paralisação, estaremos, ansiosos, aguardando o regresso. E que, com a conscientização de cada um, nunca mais tenhamos que encarar tal abstinência, além da tradicional das férias.